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Jurista é detido em Hong Kong após cobrar transparência sobre incêndio com 156 mortos

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Hong Kong – A polícia prendeu na manhã desta terça-feira (2) o jurista Bruce Liu, ex-líder da Associação para a Democracia e o Sustento do Povo, pouco antes de uma entrevista coletiva convocada por organizações civis para exigir uma apuração independente do incêndio que destruiu um complexo residencial e provocou 156 mortes.

Segundo veículos locais, o evento seria realizado à tarde, mas foi cancelado após “alertas de instâncias oficiais”. Liu foi interceptado a caminho do local. A coletiva trataria da assistência aos desabrigados e da criação de um painel com plenos poderes para investigar possíveis favorecimentos em contratos, uso de materiais de baixa qualidade e falhas de fiscalização.

Quarta detenção em cinco dias

Com a prisão de Liu, sobe para quatro o total de oposicionistas detidos nos últimos cinco dias sob a legislação de segurança estatal e em conexão com a tragédia em Wang Fuk Court, distrito de Tai Po. No sábado, um estudante que promovia campanha on-line por investigação independente foi detido. No domingo, o ex-vereador Kenneth Cheung e uma colaboradora responsável por doações foram presos, todos sob suspeita de “sedição”.

Retorno controlado aos apartamentos

O governo, alinhado a Pequim, autorizou visitas de 90 minutos às residências da torre Wang Chi House, a única que permaneceu intacta, nesta quarta e quinta-feira. Cada família será acompanhada por agentes e equipes comunitárias, com transporte a partir de abrigos provisórios.

Balanço de vítimas e investigação oficial

Peritos localizaram nesta terça mais cinco restos mortais entre os escombros, elevando o número de mortos a 156; 127 vítimas já foram identificadas. O incêndio começou na quarta-feira anterior, durante obras de reforma externa, e consumiu sete das oito torres em cerca de quatro horas.

Pressionado pela opinião pública, o chefe do Executivo, John Lee, anunciou um comitê independente chefiado por um juiz para esclarecer as causas e propor reformas. O grupo analisará normas de segurança contra incêndios, supervisão de obras, conflitos de interesse, qualidade de materiais, responsabilidade de órgãos reguladores, irregularidades em licitações, corrupção e atualização de leis e penas. Lee prometeu divulgar todos os relatórios, mas ressaltou que o órgão não terá poderes coercitivos.

Na segunda-feira, o secretário de Segurança, Chris Tang, informou que 7 das 20 amostras de telas de proteção examinadas não passaram no teste de resistência ao fogo. Ele acrescentou que placas de espuma de poliuretano de baixa qualidade funcionaram como acelerador vertical das chamas.

Até agora, 12 pessoas ligadas à empreiteira responsável pelas obras foram presas por suspeita de homicídio culposo e corrupção. O governo alertou que reagirá a qualquer tentativa de “politizar” ou “explorar” a tragédia.

Com informações de Gazeta do Povo