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Jovens africanas denunciam trabalho forçado em fábricas de drones na Rússia

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Moscou, 20 de setembro de 2025 — Um relatório da Global Initiative Against Transnational Organized Crime (GI) revela que centenas de mulheres de países africanos foram levadas à Rússia com falsas promessas de estudo e bons salários, mas acabaram em linhas de montagem de drones militares utilizados na guerra contra a Ucrânia.

Recrutamento pelas redes sociais

De acordo com o documento, jovens de Uganda, Mali, Camarões, Serra Leoa, Botsuana, Zimbábue, Nigéria e Sudão do Sul foram recrutadas via TikTok, Instagram e por organizações locais pró-Rússia. As ofertas prometiam formação técnica e remuneração de até US$ 1.500, mas, ao chegar ao destino, as trabalhadoras tiveram passaportes retidos e foram direcionadas para a Zona Econômica Especial de Alabuga, no sul do Tartaristão.

Rotina em ambiente perigoso

Na região, as africanas cumprem longas jornadas sob vigilância, manipulam produtos químicos tóxicos e ficam expostas a ataques ucranianos contra as fábricas, segundo a pesquisadora Julia Stanyard, autora do relatório. “Elas acreditavam participar de um programa de treinamento; na prática, foram empurradas para montar drones kamikaze para o Exército russo”, afirmou Stanyard ao Vatican News.

A Rússia produz aproximadamente 200 drones Shahed por mês em Alabuga, arma central nos bombardeios recentes que, em 7 de setembro, provocaram um grande incêndio no distrito governamental de Kyiv.

Depoimentos de famílias e vítimas

No Zimbábue, pais relatam falta de contato com as filhas e descumprimento de salários. “Ela quase não pode usar o celular e não recebeu os US$ 1.500 prometidos”, disse a mãe de uma jovem de uma área rural ao serviço alemão Deutsche Welle (DW).

Outra mãe, em Harare, contou que a filha de 20 anos teve o passaporte confiscado: “Ela foi para um curso técnico, mas acabou fazendo algo totalmente diferente”.

Chinara, nigeriana que participou do programa Alabuga e já deixou a Rússia, relatou à DW ter sido transformada em mão de obra barata. “Ofereceram vagas em logística e alimentação. Quando chegamos, mudaram tudo”, escreveu.

O relatório da GI classifica o esquema como tráfico humano, destacando a combinação de falsas promessas, retenção de documentos e condições de trabalho perigosas como elementos que configuram exploração e escravidão contemporânea.

Com informações de Gazeta do Povo