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Ministro israelense anuncia plano para estender soberania a 82% da Cisjordânia e descarta Estado palestino

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Jerusalém – 3.set.2025 – O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, declarou nesta quarta-feira (3) que o governo pretende aplicar soberania sobre 82% da Cisjordânia, território ocupado desde a guerra de 1967 e reivindicado pelos palestinos.

Em coletiva de imprensa na capital israelense, Smotrich afirmou que a medida tem como objetivo “impedir a criação de um Estado palestino”. O político, que lidera o partido nacionalista Sionismo Religioso, disse ser “hora de encerrar a divisão do território” e consolidar o controle israelense na região, chamada por Israel de Judeia e Samaria.

O ministro explicou que, após a anexação, os assuntos atualmente administrados pela Autoridade Palestina seriam transferidos para “alternativas de gestão civil regional”. Segundo ele, o princípio norteador do plano é garantir “máxima terra com mínima população árabe”.

Ao rejeitar explicitamente a solução de dois Estados, Smotrich declarou: “Nunca haverá, e nunca poderá haver, um Estado palestino em nossa terra. Se a Autoridade Palestina tentar nos prejudicar, será destruída da mesma forma que o Hamas”.

Pressão internacional e apelo a Netanyahu

O anúncio ocorre poucos dias antes da Assembleia Geral da ONU, marcada de 8 a 23 de setembro, na qual Bélgica, França, Reino Unido, Canadá e Austrália indicaram que podem reconhecer oficialmente o Estado da Palestina. Esses países se somariam a outros 147, incluindo o Brasil, que já concederam esse reconhecimento.

Diante desse cenário, Smotrich pediu ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que tome “uma decisão histórica” e formalize a anexação de “todas as áreas abertas da Cisjordânia”.

Expansão de assentamentos e reações regionais

Em agosto, o governo israelense aprovou o projeto conhecido como E1, que prevê a ampliação de assentamentos em uma zona estratégica próxima a Jerusalém. A iniciativa dividiria a Cisjordânia em dois blocos e isolaria a parte oriental da cidade.

As declarações de Smotrich provocaram resposta imediata. Os Emirados Árabes Unidos alertaram que a anexação cruzaria uma “linha vermelha” e enfraqueceria o espírito dos Acordos de Abraão, que normalizaram as relações entre os dois países em 2020. “Enfraqueceria severamente a visão de integração regional e a solução de dois Estados”, afirmou Lana Nusseibeh, representante do Ministério das Relações Exteriores emiradense.

A Autoridade Palestina classificou o plano como ameaça direta às aspirações de independência. Estima-se que 3,3 milhões de palestinos vivam atualmente na Cisjordânia, onde Israel construiu cerca de 160 assentamentos, que abrigam aproximadamente 700 mil israelenses. A maioria da comunidade internacional considera essas construções ilegais, interpretação rejeitada por Israel.

Com informações de Gazeta do Povo