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Israel solicita anulação de relatório que aponta fome em Gaza e alega manipulação de dados

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O Ministério das Relações Exteriores de Israel enviou nesta quarta-feira (27) uma carta à Classificação Integrada da Segurança Alimentar em Fases (ICP) pedindo que seja revogado o relatório usado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para declarar estado de fome na Cidade de Gaza e em áreas adjacentes.

Na mensagem, o governo israelense argumenta que o parâmetro exigido para caracterizar fome na Faixa de Gaza foi “rebaixado” e que dados relevantes teriam sido ignorados. “O documento está incorreto, carece de profissionalismo e desrespeita padrões internacionais”, afirma o texto divulgado pelo ministério.

Israel sustenta que não há fome no território e acrescenta que parte das pessoas consideradas em condição de inanição já apresentava doenças pré-existentes, o que, na visão de Tel Aviv, tornaria a amostra inválida.

O que diz o relatório contestado

Divulgado na sexta-feira anterior, o relatório da ICP estima que 1,6 milhão de residentes da Faixa de Gaza enfrentam escassez de alimentos, sendo que cerca de um terço (mais de meio milhão) estaria em situação crítica de privação extrema. O restante da população estaria em nível de crise alimentar.

Segundo a metodologia da ICP, fome é declarada quando pelo menos 20% dos lares não têm acesso regular a alimentos, ocorrendo taxa de desnutrição aguda igual ou superior a 30% e mortalidade elevada.

Posicionamento dos Estados Unidos

Também nesta quarta-feira, a representante interina dos Estados Unidos na ONU, Dorothy Shea, classificou como “falsa” a existência de uma política israelense deliberada para provocar fome em Gaza. Durante sessão do Conselho de Segurança sobre a questão palestina, ela afirmou que, desde o início do conflito há 22 meses, Israel autorizou a entrada de mais de 2 milhões de toneladas de alimentos no enclave.

A diplomata disse ainda que Washington trabalha junto a Tel Aviv para ampliar o fluxo de ajuda humanitária sem favorecer o Hamas e acusou o grupo de enviar saqueadores para interceptar cargas distribuídas pela ONU. Shea reconheceu a presença de fome na região, mas contestou os critérios da organização e defendeu o apoio à Gaza Humanitarian Foundation (GHF), entidade respaldada por Israel.

Durante a mesma sessão, a embaixadora criticou países que pretendem reconhecer o Estado palestino em setembro — entre eles Reino Unido, Canadá e Austrália —, argumentando que tal medida representaria “recompensa” ao Hamas pelos ataques de 7 de outubro de 2023.

Com informações de Gazeta do Povo