O Judiciário do Irã condenou dois cidadãos franceses a mais de três décadas de prisão cada um por suposta espionagem, conspiração contra a segurança nacional e colaboração com Israel. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 14 de outubro de 2025, pela agência estatal Mizan, ligada ao Poder Judiciário iraniano.
Segundo o comunicado, ambos foram detidos em março de 2023 e seriam funcionários dos serviços de inteligência da França. As sentenças, cuja data de emissão não foi detalhada, ainda podem ser recorridas à Suprema Corte iraniana no prazo de 20 dias.
Penas somadas ultrapassam 30 anos
Um dos réus recebeu:
- 6 anos por espionagem a favor da inteligência francesa;
- 5 anos por conspiração contra a segurança nacional;
- 20 anos por colaboração com Israel.
O segundo foi condenado a:
- 10 anos por espionagem;
- 5 anos por conspiração;
- 17 anos por cooperação com o Estado israelense.
Contexto de tensão com países europeus
O caso se soma a uma série de detenções de estrangeiros e binacionais em território iraniano, prática denunciada por governos ocidentais como “diplomacia de reféns”. Estima-se que cerca de 20 cidadãos europeus permaneçam presos no país.
A divulgação das condenações ocorre uma semana após a libertação do franco-alemão Lennart Monterlos, 19, absolvido de acusação de espionagem e liberado depois de quatro meses de prisão.
Franceses ainda detidos
Outros nacionais da França continuam encarcerados em Teerã, entre eles a professora de literatura Cécile Kohler, 40, e seu companheiro Jacques Paris, 70. Presos em maio de 2022, ambos estavam em viagem turística e são classificados pelo governo francês como vítimas de prisões arbitrárias.
Possível troca de prisioneiros
Em maio, Jacques Paris acionou a Corte Internacional de Justiça, em Haia, alegando sequestro de Estado; a ação foi retirada em setembro após sinalização iraniana de possível troca de detidos. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ismail Baghaei, declarou que Teerã pretende trocar dois franceses pelo retorno de Mahdie Esfandiari, 39, iraniana presa em Paris em fevereiro por publicações em apoio aos palestinos.
Casos semelhantes ocorreram em janeiro, quando a jornalista italiana Cecilia Sala foi libertada pelo Irã após a repatriação do iraniano Mohammad Abedini, detido na Itália a pedido dos Estados Unidos.
Com informações de Gazeta do Povo
