Duas das mais antigas comunidades cristãs de Porto Sudão tiveram seus templos vandalizados na última semana, enquanto o conflito entre o Exército do Sudão e as Forças de Apoio Rápido (RSF) se agrava no país. A denúncia foi feita pela organização britânica Christian Solidarity Worldwide (CSW) na sexta-feira (28).
Os alvos foram a Igreja Evangélica Presbiteriana e a Igreja Ortodoxa, situadas no centro da cidade que hoje abriga a administração nacional após os combates tornarem Cartum inviável. Fiéis relataram que a fachada da Igreja Presbiteriana amanheceu coberta por frases islâmicas em tinta vermelha, incluindo a Shahada (“Não há outro Deus além de Alá, e Maomé é seu mensageiro”). Poucos metros adiante, na parede externa da Igreja Ortodoxa, vândalos escreveram “Alá é eterno”.
Imagens de uma câmera de segurança mostram um carro estacionando diante da Igreja Ortodoxa, de onde um homem desce com um spray e inicia a pichação em plena luz do dia. A ação ocorreu em uma área movimentada, próxima a uma delegacia de polícia e a prédios administrativos, mas não houve intervenção das autoridades.
Para evitar confrontos com grupos muçulmanos locais, líderes presbiterianos optaram por não registrar queixa. Membros da congregação cobriram as inscrições para que parecessem parte de uma intervenção artística. “Isso é alarmante e pode ser apenas o começo”, declarou um fiel à CSW.
O diretor-executivo da CSW, Scot Bower, requisitou investigação imediata e proteção às comunidades cristãs. A organização lembra que minorias no norte do Sudão já enfrentavam discriminação histórica, quadro agravado pelo conflito que, desde abril de 2023, deslocou mais de 12 milhões de pessoas.
Com informações de Gazeta do Povo
