Joanesburgo – O Ministério do Interior da África do Sul realizou na terça-feira (16) uma operação em um centro norte-americano que aceita pedidos de refúgio de cidadãos brancos sul-africanos, localizado na capital econômica do país.
Segundo a agência Associated Press, sete trabalhadores quenianos foram detidos durante a ação. Eles receberam ordens de deportação imediata e ficarão impedidos de retornar à África do Sul pelos próximos cinco anos.
O governo sul-africano informou que nenhum funcionário dos Estados Unidos foi preso. De acordo com a pasta, os quenianos permaneciam no país apenas com vistos de turista, condição que não autoriza atividades profissionais.
Questionamentos diplomáticos
Em nota, o Ministério do Interior afirmou que a existência do centro “levanta sérias questões sobre intenções e protocolo diplomático”. Pretória disse ter iniciado consultas formais com Washington e Nairóbi para esclarecer o caso.
O Departamento de Estado norte-americano reagiu com firmeza. Seu porta-voz, Tommy Pigott, declarou que “interferir em nossas operações com refugiados é inaceitável” e cobrou explicações imediatas do governo sul-africano, além de “cooperação total e responsabilização”.
Funcionários terceirizados
Os detidos trabalhavam para a empresa queniana RSC Africa, contratada pelos Estados Unidos para analisar solicitações de asilo de brancos sul-africanos. O Ministério sul-africano disse que pedidos anteriores de autorização de trabalho para esses cidadãos haviam sido negados.
Programa criado por Trump
O centro integra um programa lançado neste ano pelo presidente americano Donald Trump, que alega haver perseguição a brancos na África do Sul — acusação rebatida por Pretória. Em resposta a essa suposta discriminação, Washington cortou ajuda financeira ao país e passou a receber solicitantes de refúgio dessa minoria. Até o início de novembro, aproximadamente 400 pessoas já haviam sido transferidas para os Estados Unidos.
No mês passado, a administração Trump reduziu o teto de admissão de refugiados para 7,5 mil no atual ano fiscal — ante 125 mil no ciclo 2024-2025, fixados pelo antecessor Joe Biden — e anunciou prioridade para requerentes brancos sul-africanos.
O atrito diplomático soma-se a outros embates recentes. Trump afirmou que não convidará a África do Sul para a próxima cúpula do G20 e, em protesto, Pretória ameaçou entregar simbolicamente a presidência do grupo a uma cadeira vazia.
Até o momento, Washington aguarda retorno oficial sobre a operação de terça-feira e sobre a situação dos funcionários quenianos.
Com informações de Gazeta do Povo