Pequim — O governo da China introduziu um programa chamado “trabalho social” que combina assistência econômica e psicológica com monitoramento constante de cidadãos considerados vulneráveis. A iniciativa, revelada pelo Wall Street Journal em 1º de setembro de 2025, foi criada para conter potenciais focos de instabilidade política em meio à desaceleração econômica e ao aumento de episódios de violência no país.
Departamento centralizado em Pequim
O plano é conduzido pelo Departamento Central de Trabalho Social, instalado na capital em 2023. A estrutura é comandada por dirigentes oriundos das áreas de segurança pública e policial.
Quem está na mira
Documentos citados pela reportagem apontam que o órgão orientou líderes comunitários a identificar “indivíduos com perdas múltiplas” — pessoas com dificuldades financeiras, familiares ou de saúde mental. Esses líderes devem realizar triagens periódicas, checar antecedentes e enviar relatórios quinzenais às autoridades superiores. Empresas privadas também foram convocadas para vigiar funcionários encaixados nesse perfil.
Refinamento do sistema de “grades”
A estratégia reforça o sistema de gestão em grades, em vigor desde os anos 2000, que divide bairros em pequenas células supervisionadas por gestores. Esses responsáveis coletam dados pessoais, promovem políticas oficiais e detectam possíveis ameaças antes que ganhem escala.
Segundo o presidente Xi Jinping, o objetivo é “evitar que pequenos problemas saiam do bairro, grandes problemas saiam da cidade e contradições cheguem às autoridades superiores”.

Imagem: John Lucas
Tecnologia e justificativa de segurança
Casos recentes de violência — entre eles ataques a faca, atropelamentos em massa e tiroteios — servem de justificativa para ampliar o monitoramento. Na prática, o programa recorre a reconhecimento facial, análise de dados e rastreamento digital, o que, segundo críticos, representa a modernização de métodos de controle social da era Mao adaptados à inteligência artificial.
Agentes estatais acompanham de perto moradores afetados por falências, disputas familiares ou doenças, com o objetivo de prevenir protestos antes que surjam.
Com informações de Gazeta do Povo