Paris – O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da França, general Fabien Mandon, alertou nesta quarta-feira (22) que o país precisa estar preparado para um eventual choque militar com a Rússia dentro de três a quatro anos.
O pronunciamento ocorreu durante sessão da Comissão de Defesa da Assembleia Nacional. “A Rússia pode ser tentada a prolongar a guerra em nosso continente”, declarou o oficial, acrescentando que sua primeira meta para as forças francesas é “estar prontas, em três ou quatro anos, para um teste” que, segundo ele, já se manifesta de forma híbrida, mas pode tornar-se “mais violento”.
Mandon afirmou que a preparação integra um plano de rearmamento de 413 bilhões de euros previsto para o período de 2024 a 2030. Para o general, a demonstração de capacidade de defesa pode dissuadir possíveis agressores. “Se nossos rivais perceberem que fazemos esse esforço, podem desistir; se acharem que não estamos prontos, nada os deterá”, disse.
As declarações do militar coincidem com avaliações de serviços de inteligência europeus e parceiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que apontam risco de ofensiva russa contra o bloco entre 2027 e 2030. Na semana passada, a Comissão Europeia divulgou um roteiro para que os países do continente se preparem para um cenário de guerra até o fim da década.
Segundo Mandon, Moscou encara a Europa como “coletivamente fraca”, percepção que, na visão do general, não deve desanimar o bloco. “A Europa é a escala certa para enfrentarmos nossos desafios”, reforçou.
O presidente Emmanuel Macron, que vem endurecendo o discurso em relação ao Kremlin, reiterou na terça-feira (21) que a Rússia não demonstrou intenção de buscar um acordo de paz com Kiev. Para 2026, o orçamento militar francês deve alcançar 2,2% do PIB, conforme a ministra da Defesa, Catherine Vautrin, enquanto a União Europeia prepara novas sanções contra Moscou.
O alerta de Mandon marca um novo patamar de prontidão militar na Europa, num momento em que capitais europeias revisam estratégias de defesa diante da guerra na Ucrânia.
Com informações de Gazeta do Povo