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Fabricantes chineses impulsionam produção recorde de drogas sintéticas em Mianmar, apontam autoridades

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Autoridades da Ásia e investigações divulgadas pelo jornal The Washington Post indicam que empresas químicas da China são responsáveis pelo fornecimento de insumos que alimentam laboratórios de metanfetamina operados por facções armadas no estado de Shan, em Mianmar. O fluxo de precursores químicos transformou a região em um dos maiores centros de produção de drogas sintéticas do mundo.

Documentos obtidos por agências de segurança asiáticas revelam que fabricantes chineses vendem abertamente substâncias essenciais à produção de metanfetamina, muitas vezes por meio de plataformas digitais. Segundo esses relatórios, os fornecedores oferecem uma cadeia logística completa: falsificação de rótulos, rotas para burlar alfândegas e pagamentos em criptomoedas.

A Tailândia, principal porta de entrada dos produtos químicos, relata que o material segue para laboratórios instalados em áreas dominadas por grupos armados como o United Wa State Army (UWSA). Esse e outros grupos mantêm relações estreitas com redes criminosas chinesas e financiam suas operações com a venda de drogas para toda a região Ásia-Pacífico.

Apesar de pressões de Estados Unidos, Nações Unidas e países vizinhos, Pequim mantém fiscalização limitada sobre o setor químico. Especialistas descrevem a situação como um “jogo de gato e rato”: quando uma empresa é fechada, outra surge rapidamente com o mesmo quadro de funcionários, explorando brechas na legislação chinesa.

A escalada do tráfico ganhou força após o golpe militar de 2021 em Mianmar, que mergulhou o país em guerra civil e praticamente desmantelou a repressão ao narcotráfico. Com o enfraquecimento do Estado, novos laboratórios brotaram em território controlado pelas milícias.

Investigadores apontam ainda que diversas companhias chinesas citadas nos carregamentos para Mianmar aparecem em operações ligadas ao envio de precursores de fentanil a cartéis latino-americanos. Para autoridades dos EUA, a conexão demonstra que a China é hoje a origem de duas cadeias ilícitas simultâneas: a metanfetamina destinada à Ásia-Pacífico e o fentanil que agrava a crise de opioides norte-americana.

Segundo fontes ouvidas pelo Post, ambos os fluxos funcionam com modelo idêntico: venda aberta de precursores, pagamentos em criptomoedas, camuflagem de cargas e ausência de vigilância efetiva por parte de Pequim. Um oficial norte-americano afirmou que se trata de “uma luta global contra o mesmo ecossistema químico”, com raízes nas mesmas redes de fornecedores chineses.

Com informações de Gazeta do Povo