Brasília, 17.set.2025 (quarta-feira) – Dois altos quadros do Departamento de Estado norte-americano voltaram a advertir o governo brasileiro de que decisões internas poderão desencadear novas medidas de Washington, em meio à repercussão da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Darren Beattie, subsecretário de Estado para a Diplomacia Pública e Assuntos Públicos, publicou na rede X um trecho de entrevista do secretário de Estado, Marco Rubio, à Fox News. No vídeo, Rubio antecipa que “novas ações contra o Brasil” devem ser anunciadas na próxima semana. “Estamos acompanhando bem de perto os acontecimentos no Brasil, particularmente os relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro”, escreveu Beattie.
Também no X, o vice-secretário de Estado Christopher Landau reforçou o tom de alerta. Horas depois de afirmar que os Estados Unidos “esperam que o Brasil controle seu descontrolado juiz [Alexandre de] Moraes”, Landau compartilhou uma reportagem de 1977 da agência EFE sobre a nomeação de seu pai, George Landau, como embaixador no Chile sob a ditadura Pinochet. Citando a declaração feita à época pelo pai — segundo a qual diplomatas não dizem a governos soberanos o que fazer, mas esclarecem as repercussões de seus atos —, o vice-secretário escreveu: “A atual crise em nossas relações com o Brasil oferece um bom momento para reafirmar esse ponto básico: suas ações podem e terão consequências”.
Condenação e sanções em série
No dia 10, a Primeira Turma do STF sentenciou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A decisão foi classificada como “caça às bruxas” por Rubio e pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
Antes do veredicto, Washington já havia imposto, em 6 de agosto, tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A Casa Branca citou o processo contra Bolsonaro como um dos motivos do aumento, embora cerca de 700 itens – entre eles suco e polpa de laranja e aeronaves civis – tenham ficado de fora da sobretaxa.
As tensões escalaram no fim de julho, quando o Departamento do Tesouro aplicou sanções econômicas ao ministro do STF Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, que pune indivíduos acusados de violação de direitos humanos e corrupção. Dias antes, o Departamento de Estado revogara os vistos de Moraes, de aliados no Supremo e de seus familiares, proibindo-os de entrar nos Estados Unidos.
Com novas medidas anunciadas para a próxima semana, Washington mantém a pressão sobre Brasília, enquanto acompanha os desdobramentos jurídicos envolvendo o ex-presidente brasileiro.
Com informações de Gazeta do Povo