Home / Internacional / EUA rotulam Cartel de Los Soles como entidade terrorista e apontam Nicolás Maduro como líder

EUA rotulam Cartel de Los Soles como entidade terrorista e apontam Nicolás Maduro como líder

ocrente 1757036496
Spread the love

O Departamento do Tesouro e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos impuseram sanções ao Cartel de Los Soles no fim de julho de 2025, classificando o grupo venezuelano como “entidade terrorista global especialmente designada”. Washington sustenta que o cartel é dirigido pelo presidente Nicolás Maduro e por altos integrantes do chavismo, atuando no tráfico de drogas em parceria com o Tren de Aragua, da própria Venezuela, e com o cartel mexicano de Sinaloa.

“A medida evidencia a facilitação do narcoterrorismo pelo regime ilegítimo de Maduro”, declarou o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, ao anunciar as sanções.

Origem e estrutura

O termo “Los Soles” apareceu pela primeira vez em 1993, quando dois generais da Guarda Nacional venezuelana foram investigados por narcotráfico. As insígnias em forma de sol usadas nos uniformes desses oficiais inspiraram a denominação, que passou a identificar militares suspeitos de favorecer o transporte de entorpecentes.

De acordo com a organização InSight Crime, o Cartel de Los Soles não funciona como os cartéis tradicionais do México ou da Colômbia; trata-se de uma rede descentralizada de células nas principais armas das Forças Armadas venezuelanas — Exército, Marinha, Aeronáutica e Guarda Nacional. Além de traficar drogas, o grupo estaria envolvido em mineração ilegal de ouro.

Expansão nos anos 2000

O fortalecimento do cartel ocorreu na década de 2000, após o lançamento do Plano Colômbia, iniciativa financiada pelos EUA que pressionou as guerrilhas colombianas FARC e ELN. Diante do cerco militar em território colombiano, esses grupos deslocaram operações para a fronteira venezuelana, onde encontraram apoio de setores das Forças Armadas, segundo o InSight Crime.

Nesse período, militares venezuelanos deixaram de cobrar propina para liberar carregamentos e passaram a controlar rotas de exportação, pistas clandestinas e aeroportos. Exemplos citados pela ONG incluem o voo da Air France que saiu de Caracas em 2013 com 1,3 tonelada de cocaína e a acusação, em 2015, do ex-chefe de segurança de Hugo Chávez, Leamsy Salazar, de que o hoje ministro da Justiça, Diosdado Cabello, comandaria o cartel.

Ações e denúncias

Em 2020, ainda no governo Donald Trump, o Departamento de Justiça dos EUA denunciou Maduro e seus principais colaboradores por narcoterrorismo, alegando que eles utilizaram instituições estatais para enviar toneladas de cocaína aos Estados Unidos. Para opositores, o esquema é centralizado pelo próprio Estado venezuelano, o que explicaria a ausência de guerras entre facções internas. “Quem atuar fora desse controle é alcançado pela mão do Estado”, afirmou o ex-procurador Zair Mundaray, exilado em território norte-americano.

Interesses de Washington

Na visão dos Estados Unidos, o Cartel de Los Soles garante financiamento político ao governo Maduro e serve de ponte entre Caracas e o narcotráfico internacional. Para conter a rede, o governo Trump reforçou a presença naval no Caribe e ofereceu recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do líder venezuelano.

A ofensiva conta atualmente com apoio de Argentina, Paraguai, Equador e Peru, que também passaram a rotular o cartel como organização terrorista. Já o governo colombiano de Gustavo Petro nega a existência do grupo e considera as acusações norte-americanas um instrumento político contra Maduro.

Com informações de Gazeta do Povo