Um relatório divulgado pelo Middle East Forum em 24 de novembro de 2025 descreve como o Estado Islâmico (ISIS) intensificou o uso de inteligência artificial (IA), criptografia e criptomoedas para recrutar simpatizantes e ampliar sua atuação global, mesmo após perder territórios no Oriente Médio.
Propaganda gerada por IA
Segundo o documento, há cerca de dois anos o grupo passou a produzir propaganda com IA generativa, criando conteúdo multilíngue, deepfakes e “âncoras de notícias” digitais. O material inclui imagens de crianças, histórias de martírio e narrativas que romantizam o extremismo, direcionadas principalmente a adolescentes e jovens.
Objetivo: califado sem fronteiras
Com a infraestrutura digital, o ISIS pretende construir um “califado sem fronteiras”, valendo-se do fluxo de dados, da criptografia e do alcance algorítmico para contornar barreiras físicas e de segurança. Além de recrutar novos integrantes, a estratégia busca sobrecarregar os sistemas de moderação das maiores redes sociais e dominar o debate on-line durante crises como a guerra na Faixa de Gaza ou o conflito no Sudão.
Radicalização gamificada
O relatório aponta ainda a “inserção cultural” do grupo em plataformas de jogos. Recrutadores utilizam a estética de jogos de tiro em primeira pessoa para apresentar a militância como ato heroico. Essa abordagem mira jovens da Europa, Ásia Central e Norte da África, que passam a atuar como “soldados” ideológicos no chamado exército virtual, raramente ultrapassando limites legais.
Financiamento por criptomoedas
Autoridades dos Estados Unidos e da Turquia desmantelaram recentemente redes ligadas ao ISIS que operavam carteiras de criptomoedas para receber doações no Golfo Pérsico. O anonimato desses ativos facilita a transferência de recursos entre pessoas que nunca se encontram, tornando o rastreamento mais difícil.
Filiais do grupo em países africanos funcionam como centros de transação, canalizando pequenas doações disfarçadas de ajuda “humanitária”. Esse modelo alimenta um ecossistema financeiro sem identidades definidas, reforçando a ideia de um califado descentralizado.
Discurso remodelado
Para ampliar o alcance, o Estado Islâmico passou a se apresentar como defensor de causas muçulmanas, denunciando a “islamofobia ocidental” e pregando uma suposta “resistência”. Embora o conteúdo pareça menos radical, o objetivo continua sendo a expansão da ideologia terrorista.
Com informações de Gazeta do Povo