A província de Buenos Aires, a mais populosa da Argentina, realiza neste domingo (7) eleições legislativas consideradas decisivas para medir o peso político do presidente Javier Milei e do peronismo antes do pleito nacional marcado para 26 de outubro.
Cerca de 14,3 milhões de eleitores estão convocados a escolher 46 deputados e 23 senadores para o Legislativo provincial — metade das cadeiras de cada Câmara será renovada — além dos integrantes dos conselhos deliberativos dos 135 municípios.
Disputa polarizada
O governador Axel Kicillof, do peronista Frente Pátria, optou por separar a votação provincial das eleições nacionais, o que elevou a relevância do pleito. Milei transformou a disputa em uma “batalha-chave” para, segundo ele, “aniquilar” politicamente o peronismo, principal força de oposição.
A campanha ganhou contornos de forte polarização, com pouco espaço para discussão de propostas. Pesquisas apontam vantagem apertada do peronismo sobre a aliança A Liberdade Avança (LLA), liderada por Milei, mas indicam alto índice de indecisos e possibilidade de abstenção, embora o voto seja obrigatório.
União peronista
Depois de divergências internas, o peronismo se apresentou unido. Kicillof, a ex-presidente Cristina Kirchner e o ex-ministro da Economia Sergio Massa concentraram a campanha em críticas à gestão Milei e pediram que o eleitorado use o voto para “frear injustiças”. Cristina, que cumpre prisão domiciliar desde junho após condenação a seis anos por irregularidades em obras viárias, participou do ato de encerramento na quinta-feira (5).
Aposta de Milei
Com apenas quatro anos de existência, a LLA montou nas últimas semanas sua estrutura na província, tarefa liderada por Karina Milei, irmã do presidente. O partido firmou aliança com o Proposta Republicana (PRO), do ex-presidente Mauricio Macri.
Milei participou pessoalmente dos eventos na província — reduto histórico do peronismo —, marcados por incidentes. No dia 30 de agosto, o presidente foi alvo de pedradas em Lomas de Zamora e precisou deixar o local; na quarta-feira (4), comandou o comício de encerramento em Moreno sob clima de tensão e confrontos.

Imagem: Agência EFE
Cenário econômico e denúncias
O fim da campanha coincidiu com o veto presidencial a projetos favoráveis a aposentados e pessoas com deficiência, decisões contrárias ao governo no Congresso, suspeitas de corrupção envolvendo a Agência Nacional de Deficiência — que atingem Karina Milei —, instabilidade nos mercados e estagnação econômica.
O chefe do Executivo rejeitou responsabilidade por qualquer revés e acusou a oposição de promover “operações imundas” para desestabilizar o governo, além de sugerir que pode haver fraude na votação deste domingo.
O resultado nas urnas indicará o fôlego de Milei e do peronismo para a eleição legislativa nacional de outubro, quando estarão em disputa as cadeiras do Congresso argentino.
Com informações de Gazeta do Povo