Pequim — 3.set.2025 — Um megadesfile militar que marcou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia colocou, lado a lado, os líderes da China, da Rússia e da Coreia do Norte. A imagem de Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-un na plataforma oficial da Praça Tiananmen levou políticos norte-americanos a retomar a expressão “Eixo do Mal” para descrever a aproximação entre os três governos.
No início de 2002, o então presidente George W. Bush empregou o rótulo para classificar Irã, Iraque e Coreia do Norte como ameaças prioritárias aos Estados Unidos. Meses depois, o subsecretário de Estado John Bolton incluiu Cuba, Líbia e Síria na lista. Passadas mais de duas décadas, parlamentares dos dois grandes partidos voltaram a usar o termo, associando-o agora a Pequim, Moscou e Pyongyang.
Repercussão em Washington
Pela rede Truth Social, o presidente americano, Donald Trump, ironizou a presença conjunta dos três chefes de Estado: “Por favor, transmita meus mais calorosos cumprimentos a Vladimir Putin e Kim Jong-un, enquanto conspiram contra os Estados Unidos da América”, escreveu, acrescentando que Xi deveria lembrar “dos americanos que lutaram contra o Japão” no conflito mundial.
No Facebook, o senador democrata Sheldon Whitehouse resumiu sua reação em poucas palavras: “O Eixo do Mal está de volta”. Já o deputado republicano Carlos Gimenez, em entrevista à Fox News, ampliou a lista ao incluir o Irã. “Essas quatro nações são a maior ameaça ao nosso modo de vida, à cultura ocidental. Elas querem destruir nosso modo de vida, precisamos acordar para esse fato”, declarou. Ele também citou Cuba, Venezuela e Nicarágua como aliados de Moscou, Pequim, Teerã e Pyongyang.
Visão de analistas
Ao jornal The New York Times, Joseph Torigian, professor associado da Universidade Americana, em Washington, afirmou que Xi e Putin consideram a vitória de 1945 “incompleta” e ainda ameaçada por “forças hegemônicas” ocidentais. Segundo o pesquisador, ambos pretendem usar a memória da guerra para “vacinar as gerações futuras contra os valores ocidentais” e legitimar a ordem internacional que desejam estabelecer.

Imagem: SERGEY BOLEV
Embora a China negue apoio direto à ofensiva russa na Ucrânia, Washington afirma que Pequim fornece respaldo indireto a Moscou. Já a Coreia do Norte é apontada pelo governo americano como colaboradora direta do esforço militar russo, inclusive com fornecimento de armamentos.
O desfile desta quarta-feira, visto pela Casa Branca como demonstração de força e unidade, reforçou a percepção em Washington de que Pequim, Moscou e Pyongyang atuam em conjunto para desafiar a influência ocidental.
Com informações de Gazeta do Povo