O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, reúnem-se nesta segunda-feira (18) para discutir saídas para a guerra contra a Rússia. O encontro ocorre três dias depois da conversa de Trump com Vladimir Putin, no Alasca, e deve girar em torno de dois territórios exigidos por Moscou como condição para um acordo de paz: a Crimeia e o Donbas.
Crimeia: península estratégica no Mar Negro
Com 27 mil km² — área próxima à da Bélgica —, a Crimeia ocupa o sul da Ucrânia e é ligada ao restante do país por uma estreita faixa de terra. A península ganhou relevância militar no século XIX durante a Guerra da Crimeia (1853-1856) e continua estratégica por abrigar, em Sebastopol, a principal base da Frota russa do Mar Negro, porta de acesso ao Mediterrâneo.
Em 1954, o líder soviético Nikita Khruschov transferiu a Crimeia para a então República Socialista Soviética da Ucrânia. Após o colapso da URSS, um referendo em 1991 manteve a península sob soberania ucraniana. Antes da invasão russa de 2014, o local, com cerca de 2 milhões de habitantes, era conhecido pelo turismo e pela agricultura. Segundo o censo de 2001, sua composição étnica incluía 58% de russos, 24% de ucranianos e 12% de tártaros.
Para Moscou, a península garante projeção de força no Mar Negro. “A Crimeia permite controlar todo o Mar Negro”, destacou Maria Snegovaya, pesquisadora do Center for Strategic and International Studies (CSIS).
Donbas: coração industrial da Ucrânia
Situada no leste do país, a região do Donbas compreende as províncias de Donetsk e Luhansk, somando aproximadamente 60 mil km². Desde o século XIX, concentra as maiores reservas de carvão da Ucrânia e abriga siderúrgicas, metalúrgicas e indústrias químicas, fatores que atraíram trabalhadores de várias origens, entre eles muitos russófonos.
Apesar do predomínio do idioma russo, a população do Donbas votou majoritariamente pela independência ucraniana no plebiscito de 1991. Hoje, estima-se que a Rússia e grupos separatistas controlem 87% da área. Zelensky reafirmou recentemente que não aceitará ceder o território: “Nós não vamos deixar o Donbas. Não podemos fazer isso”.
Imagem: Gavriil Grigorov via gazetadopovo.com.br
Segundo Elina Beketova, pesquisadora do Centre for European Policy Analysis (CEPA), “o controle do Donbas oferece grande vantagem econômica e militar; sem ele, a Ucrânia perde parte vital da sua capacidade industrial, e a Rússia ganha corredor para avançar rumo ao oeste”.
Peso nas negociações
A Crimeia fornece à Rússia um porto de águas profundas e plataforma de operações no Mediterrâneo; o Donbas reúne recursos energéticos e infraestruturas industriais cruciais para Kiev. Essas características explicam por que Putin insiste em manter as duas regiões e por que Zelensky descarta qualquer cessão definitiva. Os Estados Unidos buscam mediar uma solução, mas a disputa territorial continua o principal obstáculo para um eventual cessar-fogo.
Com informações de Gazeta do Povo