No próximo domingo, 14 de dezembro, os chilenos votam no segundo turno da eleição presidencial entre José Antonio Kast, candidato de direita, e a esquerdista Jeannette Jara, apoiada pelo presidente Gabriel Boric. A legislação local impede reeleição consecutiva, o que deixa Boric fora da disputa.
Apesar de Jara ter terminado o primeiro turno, em novembro, na primeira colocação, Kast chega à etapa final como favorito: ele aparece em todas as pesquisas com vantagem mínima de dez pontos percentuais.
Impacto regional
Se confirmado o resultado apontado pelos levantamentos, a América do Sul passará a ter, no início de 2026, seis governos de direita e seis de esquerda. Em 2023, quando Luiz Inácio Lula da Silva iniciou o terceiro mandato no Brasil, o placar era de oito presidentes de esquerda contra quatro de direita.
A guinada conservadora se fortaleceu nas urnas desde então. A direita:
- manteve o poder no Paraguai, com a eleição de Santiago Peña;
- conservou o governo no Equador, onde Daniel Noboa venceu dois pleitos (2023 e 2025);
- virou na Argentina com Javier Milei;
- assumiu na Bolívia após a vitória do centro-direitista Rodrigo Paz;
- e assumiu o comando do Peru quando Dina Boluarte foi destituída e o conservador José Jerí chegou ao poder.
Já a esquerda manteve as presidências de Guiana (reeleição de Irfaan Ali) e Suriname (posse de Jennifer Geerlings-Simons), além de recuperar o Uruguai com Yamandú Orsi.
Voto de protesto e segurança pública
Mais de 70% do eleitorado chileno optou por candidatos de direita no primeiro turno, movimento que analistas veem como a rejeição mais forte às forças de esquerda no país em quase um século. Pesquisadores apontam preocupações com a segurança pública e a economia como fatores essenciais para o crescimento de nomes conservadores.
“Há frustração real e desejo por medidas mais duras contra o crime em toda a região”, afirmou Michael Shifter, do Diálogo Interamericano, ao The Wall Street Journal.
Especialistas lembram ainda que, após o pico da chamada “Onda Rosa” no início dos anos 2000, a América do Sul experimenta alternância frequente de poder. Para Leo Braga, da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, a pandemia reforçou tendências de nacionalismo e fortaleceu a direita em vários países.
Próximas disputas
Com eventual vitória de Kast, a direita chegaria a 2026 em condições de tentar maioria no subcontinente. No calendário eleitoral dos próximos dois anos estão Peru, Colômbia e Brasil, todos hoje governados por chefes de Estado de esquerda.
O Chile divulgará os resultados oficiais do pleito presidencial na noite de domingo.
Com informações de Gazeta do Povo