O governo dos Estados Unidos informou nesta segunda-feira (22) que o consumo de paracetamol durante a gravidez pode estar ligado a uma incidência mais elevada de transtornos do espectro autista em crianças. O anúncio foi feito na Casa Branca pelo presidente Donald Trump, acompanhado do secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr.
Trump revelou que a Food and Drug Administration (FDA) enviará orientações aos profissionais de saúde recomendando o uso restrito do medicamento por gestantes. Segundo o presidente, a medida responderá a “um crescimento alarmante” nos diagnósticos de autismo no país.
Revisão de 46 estudos
A decisão baseia-se em uma análise conduzida pelo professor Andrea Baccarelli, da Escola de Saúde Pública de Harvard. O pesquisador revisou 46 estudos internacionais sobre exposição pré-natal ao paracetamol e encontrou “sinais de associação” entre uso do fármaco por quatro semanas ou mais e maior risco de transtornos do neurodesenvolvimento.
“Mais investigações são necessárias para confirmar a relação e esclarecer a causalidade. Ainda assim, adotar cautela, sobretudo quanto ao uso intenso ou prolongado, é justificável”, disse Baccarelli em carta divulgada pelo governo. Ele ressaltou que o paracetamol permanece importante no controle de febre e dor durante a gestação, desde que na menor dose eficaz e sob orientação médica.
Autism Action Plan
O anúncio integra o Autism Action Plan, pacote iniciado pela Casa Branca para ampliar pesquisas e reconhecer terapias experimentais. Conforme o governo, o Instituto Nacional de Saúde (NIH) investirá mais de US$ 50 milhões em 13 projetos voltados ao autismo. A FDA também deve autorizar o uso de leucovorina (ácido folínico) para crianças com deficiência de folato cerebral e sintomas de autismo, o que abrirá caminho para cobertura por programas de saúde estaduais.
“Esperamos entregar informações úteis aos pais sobre causas, prevenção e possíveis caminhos de reversão”, afirmou Robert F. Kennedy Jr.
Reações divergentes
A Kenvue, fabricante do Tylenol, contestou a ligação entre paracetamol e autismo, alegando ausência de evidências confiáveis. Já o American College of Obstetricians and Gynecologists adotou tom cauteloso. “Não há prova clara de relação direta entre o medicamento e problemas de desenvolvimento fetal”, declarou Christopher Zahn, representante da entidade.
Com informações de Gazeta do Povo