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Brasileira diz ter sido abusada por Jeffrey Epstein aos 14 anos em Nova York

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A brasileira Marina Lacerda afirmou, em entrevista concedida à rede norte-americana ABC News na quarta-feira (3), que sofreu abusos sexuais do financista Jeffrey Epstein quando tinha 14 anos. Antes da conversa com a emissora, ela participou de uma coletiva em frente ao Capitólio dos Estados Unidos, onde se identificou como a vítima menor um do processo federal aberto contra o empresário em 2019, em Nova York.

“Nunca pensei que estaria aqui. A única razão para eu falar agora é porque, finalmente, as pessoas que importam neste país parecem se importar com o que temos a dizer”, declarou.

Promessa de dinheiro por “massagem”

Segundo Lacerda, os abusos começaram após ela ser levada à mansão de Epstein em Manhattan com a promessa de receber US$ 300 por sessão de massagem. Na época, a adolescente acumulava três empregos para ajudar a sustentar a mãe e a irmã.

Uma amiga de bairro teria apresentado a proposta: “Não se preocupe, ele é muito legal. Vamos subir, fazer a massagem, ele paga e vamos embora”, relatou Marina. No entanto, de acordo com a brasileira, Epstein a obrigou a manter relações sexuais. “Eu realmente não tive escolha”, afirmou.

Controle e pagamentos frequentes

Lacerda contou que continuou a encontrar o financista por se sentir “controlada” e ver nos pagamentos uma saída para a situação financeira da família. Ela diz ter visto Epstein de duas a três vezes por semana e recebido, ao todo, quase US$ 900 mil. Apesar dos valores, definiu as interações como traumáticas e sem consentimento: “Ele sabia exatamente como te possuir”.

Imigração e voz pública

Filha de imigrantes brasileiros, Marina relatou que falar publicamente lhe trouxe sentimento de empoderamento: “A menininha que lutava para sobreviver aos 14 e 15 anos finalmente tem voz. Pela primeira vez, sinto que importo como americana”.

A decisão de se expor ocorreu depois de sessões de terapia em grupo com outras sobreviventes. “Essas mulheres são fortes e suas vozes, altas. Acredito que, se eu falar, outras meninas também virão a público”, disse.

Histórico de violência

Os abusos, segundo Marina, começaram antes de Epstein. Aos 9 anos, pouco depois de chegar a Nova York, ela passou a ser molestada pelo padrasto, que acabou preso mais tarde. Tentativas iniciais de denúncia na polícia não avançaram.

Situação de Epstein

Jeffrey Epstein, acusado de explorar sexualmente mais de 250 menores, foi encontrado morto em uma cela federal em 2019. Em julho deste ano, o Departamento de Justiça dos EUA e o FBI reafirmaram que a causa da morte foi suicídio e negaram a existência de uma suposta lista de clientes atribuída ao financista.

Marina Lacerda concluiu que o maior desafio hoje é lidar com memórias do passado: “Processar tudo isso tem sido a parte mais difícil; sinto que poderia ter sido parado em 2008, mas eu não sabia que tinha esse poder”.

Com informações de Gazeta do Povo