Moscou, 5 out. 2025 – O Kremlin suspendeu a exportação de gasolina e estabeleceu limites para o envio de diesel ao exterior até o fim deste ano, após sucessivos ataques ucranianos a refinarias e oleodutos que reduziram em até 17% a capacidade de processamento de petróleo da Rússia desde julho, segundo a consultoria Oxford Analytica.
Os ataques, conduzidos com drones, atingiram instalações nas cidades de Volgogrado, Saratov e Rostov, responsáveis por mais de 44 milhões de toneladas anuais de derivados – cerca de 10% da produção nacional. Analistas descrevem a ofensiva como a ação mais abrangente contra a base econômica russa desde o início da guerra, há mais de três anos.
Escassez interna
Regiões como o Extremo Oriente russo e a Crimeia, ocupada pela Rússia, já enfrentam filas em postos e racionamento de até 30 litros por motorista. Em Sevastopol, metade das bombas está fora de operação, informou a agência Reuters.
Com a oferta apertada, os preços de combustíveis no mercado interno seguem em alta. “Infelizmente, nossa previsão é desfavorável por enquanto — provavelmente teremos de esperar pelo menos mais um mês para os preços caírem”, disse Sergey Frolov, sócio da consultoria NEFT Research, ao jornal russo Kommersant.
Apoio externo a Kiev
De acordo com a Reuters, o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, autorizou recentemente o repasse de dados de inteligência mais detalhados a Kiev sobre alvos energéticos em território russo. O Wall Street Journal noticiou que a medida visa ampliar a capacidade da Ucrânia de atingir refinarias, oleodutos e estações de bombeamento.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o envolvimento da infraestrutura de inteligência da Otan e dos EUA “é óbvio”. Apesar das dificuldades, autoridades russas dizem que as forças armadas permanecem abastecidas com diesel e querosene.
Pressão econômica
Richard Connolly, analista sênior da Oxford Analytica, avaliou que a campanha ucraniana mina a narrativa de estabilidade mantida por Moscou e eleva os custos fiscais em meio a gastos militares recordes. Já o militar aposentado australiano Mick Ryan disse à CNN que cada ataque bem-sucedido a refinarias causa “muito mais dano” econômico do que as armas empregadas no campo de batalha.
Com a capacidade de refino reduzida, dificuldade de reposição de estoques e restrições às vendas externas, a Rússia enfrenta seu maior teste no setor energético desde o início do conflito.
Com informações de Gazeta do Povo