O assassinato do influenciador conservador Charlie Kirk, baleado durante um evento em uma universidade de Utah na quarta-feira, 10 de setembro de 2025, reforçou o alerta sobre o crescimento da violência política nos Estados Unidos.
Segundo a polícia local, um suspeito foi detido logo após o ataque. Entre as provas recolhidas, investigadores encontraram uma cápsula não deflagrada com a inscrição “Ei, fascista! Toma essa!”, indício de motivação política radical.
Levantamento registra 300 atos violentos desde 2021
Dados compilados pela agência britânica Reuters apontam pelo menos 300 episódios de violência política no país entre a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, e a eleição presidencial de 2024. É o maior número de registros do tipo desde os anos 1970.
Antes da morte de Kirk, os casos de maior repercussão haviam sido duas tentativas de assassinato contra o então presidente Donald Trump durante a campanha eleitoral de 2024.
Relatório identifica radicalização à esquerda
Estudo do Instituto de Pesquisa de Contágio na Rede (NCRI) indicou tendências de violência política no espectro progressista. Em pesquisa com mais de 1,2 mil adultos, 38% consideraram “pelo menos um pouco justificável” matar Trump, índice que sobe para 55% entre entrevistados de esquerda. Para o empresário Elon Musk, os percentuais foram de 31% no total e 48% no grupo de esquerda.
O relatório descreve esse padrão como parte de um “autoritarismo de esquerda” conectado a crenças que legitimam a violência.
Reações e pedidos de moderação
Após o crime, Trump atribuiu a escalada da violência à retórica da “esquerda radical”. Arie Perliger, professor da Universidade de Massachusetts Lowell, afirmou ao portal The Conversation que discursos de líderes políticos, inclusive do próprio ex-presidente, influenciam a percepção de legitimidade da violência. Ele lembrou que Trump perdoou cerca de 1,5 mil envolvidos na invasão ao Capitólio.
Imagem: DAN HIMBRECHTS
O professor Robert Pape, da Universidade de Chicago, disse ao Politico que dirigentes dos dois principais partidos precisam conter os ânimos. Para ele, governadores e parlamentares democratas devem condenar veementemente a violência política, enquanto republicanos devem conclamar à moderação.
Democratas também viram alvos em 2025
Autoridades do Partido Democrata foram atacadas este ano: em abril, a residência do governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, foi invadida e incendiada; em junho, a deputada estadual de Minnesota Melissa Hortman e o marido foram assassinados, e o senador estadual John Hoffman e sua esposa ficaram feridos em um tiroteio.
Especialistas advertem que, sem ação coordenada de lideranças políticas, o país pode assistir a novos picos de violência nas próximas disputas eleitorais.
Com informações de Gazeta do Povo