Washington (EUA) – A relação próxima entre o presidente da Fifa, Gianni Infantino, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta novas tensões provocadas por decisões de segurança internas, conflitos no Oriente Médio e questões diplomáticas com o Irã, a menos de dois anos da Copa do Mundo de 2026.
Aproximação construída desde o retorno de Trump à Casa Branca
Desde janeiro, quando Trump reassumiu o governo, Infantino intensificou gestos de cortesia. O sorteio dos grupos do Mundial, marcado para dezembro, foi transferido para o Kennedy Center, em Washington, para facilitar a presença do mandatário. Parte da direção da Fifa preferia Las Vegas, cidade que recebeu o evento em 1994.
Em Nova York, a entidade abriu um escritório na Trump Tower, descartando a instalação programada para o Empire State Building. Durante o Mundial de Clubes, disputado em solo norte-americano entre junho e julho, Infantino manteve Trump no pódio da premiação – atitude que surpreendeu jogadores do Chelsea, campeão do torneio. O presidente norte-americano levou para a Casa Branca o troféu original e uma medalha, enquanto o clube inglês ficou com réplicas.
Ainda na competição, atletas da Juventus foram levados ao Salão Oval para aparecer em uma coletiva cedida por Trump. Em maio, na Arábia Saudita e no Catar, o chefe da Casa Branca chamou Infantino de “cara excelente”, mesmo após o atraso do suíço-italiano ao congresso anual da Fifa, no Paraguai, que provocou a saída de vários dirigentes europeus.
Ameaça a cidades democratas
Trump passou a declarar publicamente que pode retirar partidas da Copa de 2026 de sedes governadas pelo Partido Democrata, alegando “falta de segurança”. Inicialmente, o vice-presidente da Fifa Victor Montagliani disse que somente a entidade decide a distribuição dos jogos. Diante da insistência do republicano, Infantino divulgou nota à emissora Sky News confirmando que a segurança é prerrogativa dos governos e que o presidente tem autoridade para suspender partidas em determinadas cidades.
Guerra em Gaza e possível punição a Israel
No fim de setembro, especialistas em direitos humanos sugeriram o banimento de Israel de competições internacionais por causa do conflito na Faixa de Gaza. Temendo abalar a relação com Washington, Infantino rejeitou discutir o tema, afirmando que a Fifa “não resolve problemas geopolíticos” e focará na promoção do futebol.
Em 13 de outubro, o dirigente participou de uma cúpula pela paz em Gaza, realizada em Sharm El-Sheikh, no Egito, presidida por Trump. Na ocasião, prometeu reconstruir instalações esportivas no enclave palestino em parceria com a Associação Palestina de Futebol.
Impasse com vistos para delegação iraniana
Outra dificuldade envolve o Irã. Segundo o jornal Tehran Times, o governo norte-americano negou vistos ao presidente da Federação Iraniana de Futebol, Mehdi Taj, ao técnico Amir Ghalenoei e a outros sete integrantes da entidade que pretendiam participar do sorteio da Copa. Infantino garantiu aos iranianos, no início de setembro, que tentaria resolver o assunto, mas a solução ainda não foi anunciada.
Com o Mundial marcado para começar em 11 de junho de 2026 nos Estados Unidos, México e Canadá, episódios envolvendo política doméstica e crises internacionais continuam a testar a parceria entre Trump e Infantino.
Com informações de Gazeta do Povo