Hiroshima realizou nesta quarta-feira, 6 de agosto de 2025, a cerimônia pelo 80º aniversário do ataque nuclear norte-americano que encerrou a Segunda Guerra Mundial e matou cerca de 70 mil pessoas instantaneamente. O evento, no Parque Memorial da Paz, ocorreu em meio a discussões internas sobre a revisão das limitações militares impostas ao país desde 1947.
Às 8h15, horário exato em que a bomba “Little Boy” foi lançada pelo bombardeiro Enola Gay em 1945, o Sino da Paz foi tocado e milhares de participantes fizeram um minuto de silêncio. O prefeito Kazumi Matsui lembrou o sofrimento dos sobreviventes e reiterou o compromisso de buscar “a erradicação das armas atômicas, o melhor que se pode fazer pelos mortos”.
Pressões externas e revisão constitucional
O cenário internacional, com Rússia, China e Coreia do Norte ampliando arsenais nucleares, tem levado setores políticos japoneses a questionar a chamada “Constituição da Paz”, redigida pelos Estados Unidos após a ocupação de quase sete anos. O texto proíbe que o Japão mantenha forças armadas com capacidade ofensiva, enquanto garante a proteção norte-americana em caso de ataque.
Apesar das restrições, as Forças de Autodefesa foram expandidas e o país aproxima-se dos maiores orçamentos militares do mundo, justificando os gastos como defesa. O grupo nacionalista Nippon Kaigi, com apoio expressivo dentro do governista Partido Liberal Democrata, pressiona pela revisão do artigo pacifista.
Discurso do primeiro-ministro e protestos
Durante a cerimônia, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba reafirmou a meta de “um mundo sem guerras nem armas nucleares”, mas reconheceu que “o ambiente de segurança se torna cada vez mais rígido e a divisão internacional sobre o desarmamento aprofunda-se”. Do lado de fora, manifestantes entoavam palavras de protesto contra qualquer expansão militar.

Imagem: Isabella de Paula via gazetadopovo.com.br
Memória e consequências
Os Estados Unidos lançaram o primeiro ataque nuclear da história em 6 de agosto de 1945, em Hiroshima, e outro em Nagasaki três dias depois. Estima-se que cerca de 210 mil pessoas tenham morrido até o fim daquele ano em decorrência direta ou indireta dos dois bombardeios.
O debate sobre segurança nacional promete intensificar-se no país que, há oito décadas, transformou a tragédia nuclear em símbolo mundial de pacifismo.
Com informações de Gazeta do Povo