O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (4) que o governo brasileiro estuda incluir as chamadas terras raras nas tratativas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para reduzir a sobretaxa de 50% aplicada às exportações brasileiras.
Em entrevista à BandNews, Haddad explicou que a proposta não se limita à extração dos minerais estratégicos. O plano é atrelar o acesso às reservas brasileiras a aportes de empresas norte-americanas em fábricas instaladas no país, voltadas à produção de componentes como baterias de alta eficiência.
Investimentos e lista de exceções
Segundo o ministro, Washington “não é rico nesses minerais” e o Brasil pode ampliar o intercâmbio comercial com a maior economia do mundo ao oferecer cooperação em setores considerados críticos. Além dos minerais, o governo quer incluir na pauta a política para instalação de data centers de inteligência artificial, cujo novo marco regulatório está em discussão desde maio.
Haddad acrescentou que o executivo brasileiro ainda negocia a ampliação da lista de produtos excluídos da tarifa norte-americana antes de quarta-feira (6), data em que o aumento entra em vigor. Até o momento, quase 700 itens foram poupados, mas café, algumas frutas, máquinas e equipamentos seguem sujeitos ao imposto adicional.
Plano de contingência e OMC
O ministro deve apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (5), um plano de contingência para setores mais afetados pelo tarifaço. Paralelamente, o Conselho da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou na segunda-feira (4) o início de consulta à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a medida norte-americana. A autorização, publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, aguarda aval de Lula.

Imagem: Marcelo Camargo via gazetadopovo.com.br
De acordo com as regras da OMC, a fase de consultas dura até 60 dias. Se não houver entendimento, o Brasil pode solicitar a formação de um painel arbitral, cujo relatório costuma ser emitido em até nove meses, prazo que pode chegar a um ano ou mais em casos complexos.
No encerramento da entrevista, Haddad reforçou que o governo “não trabalha com data fatídica” e permanecerá na mesa de negociações até alcançar um acordo considerado vantajoso para ambos os lados.
Com informações de Gazeta do Povo