Brasília — O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (1º) que as recentes medidas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil têm caráter “deliberadamente político” e foram influenciadas por informações repassadas pela oposição, em especial por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo Haddad, a decisão norte-americana de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 6 de agosto e de aplicar a Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decorre de “equívocos disseminados” que o governo pretende esclarecer em canais diplomáticos.
Sem retaliação imediata
O titular da Fazenda declarou que o Palácio do Planalto não planeja contra-medidas por ora. “O momento é recorrer aos organismos competentes, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a própria Justiça americana”, disse. Ele acrescentou que empresas brasileiras e norte-americanas afetadas já acionam tribunais nos Estados Unidos.
Haddad informou ainda que o Brasil negocia a inclusão de mais itens na lista de quase 700 produtos já isentos do novo tarifaço e aguarda disponibilidade na agenda do secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, para uma reunião — encontro que dificilmente ocorrerá antes da vigência das tarifas.
Plano de contingência para setores afetados
O governo finaliza um pacote de apoio à indústria e ao agronegócio prejudicados pela sobretaxa. As medidas, explicou o ministro, estão sendo ajustadas junto a sindicatos de trabalhadores e entidades patronais e devem ser anunciadas na próxima semana, após aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com Haddad, parte dos segmentos poderá redirecionar a produção ao mercado interno, que “segue aquecido” com crescimento de renda e desemprego em baixa histórica. Ele garantiu que o plano não comprometerá o arcabouço fiscal.

Imagem: Lula Marques via gazetadopovo.com.br
Investimento americano em queda
O ministro também observou que a participação dos Estados Unidos no investimento estrangeiro direto no Brasil é hoje menos da metade do volume registrado em períodos anteriores, cerca de 25%. “Isso não é bom, porque falamos da maior economia do mundo”, comentou, ressaltando que o governo Lula buscava estreitar laços com o ex-presidente Joe Biden e mantém a mesma disposição sob a gestão Trump.
Haddad reconheceu que há concorrência em setores como o de grãos, mas apontou “muita complementaridade” entre as duas economias. Sobre possível pronunciamento de Lula em defesa de Moraes e da soberania nacional, o ministro disse desconhecer o tom que o presidente poderá adotar.
As declarações foram dadas na chegada de Haddad ao Ministério da Fazenda, em Brasília, na manhã desta sexta-feira.
Com informações de Gazeta do Povo