O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta quinta-feira (31) que, apesar das isenções concedidas a quase 700 itens brasileiros, o aumento tarifário de 50% assinado pelo presidente norte-americano Donald Trump ainda contém “muita injustiça”. A medida, formalizada por ordem executiva na véspera, excluiu componentes aeronáuticos, petróleo, suco de laranja e alguns minérios, mas manteve a sobretaxa sobre café, carnes e determinadas frutas, com início previsto para 6 de agosto.
“Algumas das nossas observações foram contempladas, mas estamos longe do ponto de chegada”, afirmou Haddad ao chegar ao ministério em Brasília. Segundo ele, a retirada parcial de produtos da lista é apenas o ponto de partida de uma negociação que, em sua avaliação, precisa corrigir distorções que afetam setores “que não precisariam estar sendo afetados”.
Nova rodada de conversas
Haddad informou ter conversado na quarta-feira (30) com a equipe do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para acertar nova reunião. O encontro poderá contar com a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. “Vamos recorrer às instâncias cabíveis, tanto nos Estados Unidos quanto em organismos internacionais, para buscar mais integração e parcerias”, explicou.
De acordo com o ministro, setores que não receberam isenção enfrentam “situação dramática” que impacta negócios no Brasil e também em território norte-americano. Ele reiterou o objetivo de ampliar o comércio bilateral sem transformar o país em “apêndice” de qualquer bloco econômico, mencionando Estados Unidos, União Europeia e China.
Plano de contingência
Haddad anunciou que um plano de contingência será apresentado nos próximos dias para proteger indústria, empregos e agronegócio afetados pelo tarifaço. “A atitude do Brasil tem sido argumentar de forma sóbria e madura”, disse, ressaltando que medidas unilaterais como a imposta por Trump geram desequilíbrios que atingem todo o Mercosul.

Imagem: Valter Campanato via gazetadopovo.com.br
Críticas à motivação política
O ministro voltou a atribuir caráter político à decisão norte-americana e afirmou que questionamentos sobre o Judiciário brasileiro podem ser encaminhados a instâncias internacionais, citando o Comitê de Direitos Humanos da ONU. Ele também criticou sanções aplicadas a autoridades brasileiras sob a Lei Magnitsky, classificando-as como resultado de “desinformação”.
Haddad concluiu dizendo que a atuação de “força interna” nos Estados Unidos fragiliza a posição do Brasil e que não há equivalente em outros países. Ele reforçou a intenção de esclarecer o contexto brasileiro para evitar novos atritos comerciais e diplomáticos.
Com informações de Gazeta do Povo