Brasília – Mais de 30 dias depois de o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciar tarifa extra de 40% sobre uma extensa lista de produtos brasileiros – acréscimo que elevou a taxação total para 50% –, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja divulgar, ainda nesta segunda-feira (11), um conjunto emergencial de medidas econômicas.
O pacote será apresentado ao presidente em reunião com o vice e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O objetivo central é conter demissões e dar fôlego a empresas que já começaram a fechar postos ou a transferir produção para o exterior.
Principais eixos do pacote
Crédito subsidiado – Linhas de financiamento, operadas pelos fundos de garantia de operações do Banco do Brasil e de exportação do BNDES, terão juros padronizados e levemente inferiores aos oferecidos no socorro às vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul. Para ter acesso, a empresa não poderá demitir funcionários.
Proteção ao emprego – O governo avalia reativar dois modelos já testados: o Programa de Proteção ao Emprego (redução de jornada e salário com compensação do FAT) e o apoio financeiro usado no Rio Grande do Sul, que paga duas parcelas de um salário-mínimo diretamente ao trabalhador.
Foco em empresas menores – Integrantes da equipe econômica defendem que o crédito barato chegue primeiro a negócios com menor poder de barganha, deixando grandes exportadores fora do centro do programa.
Adiar tributos e antecipar créditos – O governo pretende permitir postergação de impostos federais por até 90 dias e acelerar a devolução de saldos de PIS/Cofins, injetando liquidez no caixa das companhias.
Compras públicas – Parte da produção que perder mercado externo poderá ser absorvida por programas de aquisição de alimentos e de alimentação escolar. Pescados e frutas são os primeiros na lista.
Outras medidas – Estão na mesa flexibilização de banco de horas, antecipação de férias coletivas e uso de recursos do Fundo Social para apoiar produtores afetados.

Imagem: Vandré Kramer via gazetadopovo.com.br
Setores penalizados
Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), a tarifa de 50% alcança cerca de …% das exportações brasileiras aos EUA, atingindo carnes bovinas, café, frutas, têxteis, autopeças, máquinas, celulose, papel, açúcar e minério de ferro.
Empresas como JBS, Marfrig, Suzano, Alpargatas e Arezzo já relatam impacto direto. Na siderurgia, a Gerdau cortou 1.500 vagas em unidades paulistas e indicou que reduzirá investimentos no país a partir de 2026. A fabricante de armas Taurus confirmou que 900 pistolas por dia passarão a ser produzidas nos EUA a partir de setembro.
Risco fiscal e próximos passos
A equipe econômica discute como enquadrar as despesas emergenciais fora da meta fiscal, classificando-as como “evento extraordinário”. Técnicos alertam para pressão sobre o orçamento e possível necessidade de compensações futuras.
O governo prepara ainda uma segunda fase de ações caso o primeiro pacote se mostre insuficiente. Enquanto isso, Haddad tem encontro marcado com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, para tratar da taxação, e o Itamaraty já acionou a Organização Mundial do Comércio contra a medida de Trump.
Com informações de Gazeta do Povo