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Governadores do Sul e Sudeste pedem adiamento de votação sobre corte de tarifa para carros chineses

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Seis governadores das regiões Sul e Sudeste enviaram carta ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, solicitando o adiamento da votação que pode reduzir impostos de importação para kits de montagem de veículos híbridos e elétricos vindos da China. O pleito, assinado por Cláudio Castro (PL-RJ), Eduardo Leite (PSD-RS), Jorginho Mello (PL-SC), Ratinho Junior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), foi encaminhado na véspera da reunião do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex), marcada para esta quarta-feira, 30 de julho.

Governadores temem impacto na cadeia automotiva

No documento, os chefes de Executivo argumentam que os seus estados concentram a maior parte da produção de veículos do país e abrigam ecossistemas de montadoras e fornecedores. Eles afirmam que a redução tarifária para kits CKD (Completely Knocked Down) e SKD (Semi Knocked Down) pode “comprometer empregos, enfraquecer fornecedores locais e desestimular investimentos”, além de contradizer políticas de reindustrialização sustentável.

Proposta do governo federal

O governo Lula pretende, de forma temporária, cortar a alíquota de importação de 18% para 5% nos veículos elétricos montados com kits estrangeiros e de 20% para 10% nos híbridos. A medida foi pleiteada pela montadora chinesa BYD, que constrói uma fábrica em Camaçari (BA).

Anfavea fala em risco de R$ 60 bilhões e 50 mil empregos

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) classificou a iniciativa como ameaça ao equilíbrio do setor. A entidade calcula que R$ 60 bilhões dos R$ 180 bilhões em investimentos anunciados podem ser cancelados, além de colocar em risco 50 mil empregos com carteira assinada. Para a Anfavea, a redução criaria um “desequilíbrio concorrencial” ao permitir que importadores utilizem a montagem local apenas como fachada.

Participação chinesa cresce

No primeiro semestre de 2025, as importações de veículos somaram US$ 3,4 bilhões, quase igualando todo o volume de 2024. Enquanto o emplacamento de modelos nacionais subiu 2,6%, os importados avançaram 15,6%. Carros de origem chinesa já representam 5,4% das vendas totais no país. Nos segmentos eletrificado e híbrido, BYD e GWM somam mais de 80% das vendas de elétricos puros e 45% dos híbridos.

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Imagem: Feijão Almeida via gazetadopovo.com.br

Resposta da BYD

Nesta quarta-feira, a BYD divulgou carta intitulada “Por que a BYD incomoda tanto?”, na qual afirma que seus veículos têm sido bem recebidos pelos consumidores brasileiros e critica o que chamou de “tecnologia velha e design preguiçoso” oferecidos ao mercado por décadas.

A votação no Gecex-Camex, que decidirá sobre a redução temporária das alíquotas, permanece prevista para esta quarta-feira.

Com informações de Gazeta do Povo