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General admite ter elaborado plano digitalizado para matar Lula, Alckmin e Moraes

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Brasília – O general da reserva Mário Fernandes declarou ao Supremo Tribunal Federal (STF) ser o autor de um documento que detalha um plano para sequestrar e assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, o material, batizado de “Punhal Verde e Amarelo”, era apenas “um pensamento digitalizado” e nunca foi compartilhado.

Depoimento no STF

Interrogado em 24 de julho de 2025 pela Primeira Turma do STF, Fernandes afirmou ter produzido o arquivo por hábito profissional após mais de 40 anos no Exército. O juiz auxiliar Rafael Rocha, que atua no gabinete de Moraes, conduziu o depoimento.

“Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado, um compilado de dados, um estudo de situação, uma análise de riscos”, disse. O militar acrescentou que se arrepende de ter registrado o conteúdo.

Detalhes do planejamento

Relatório da Polícia Federal (PF) descreve que o plano previa o uso de pistolas, fuzis, uma metralhadora M249, lança-granada de 40 mm e lança-rojão AT4. O documento menciona ainda a possibilidade de envenenar Lula com “químicos para causar um colapso orgânico” e de empregar explosivos contra Moraes em evento público, mesmo com potenciais “danos colaterais” à equipe de segurança.

A execução estaria marcada para 15 de dezembro de 2022, em Brasília, ao custo estimado de R$ 100 mil e com participação de seis pessoas. A rotina de Moraes teria sido monitorada entre 21 e 24 de novembro daquele ano.

Operação Contragolpe e outras investigações

Fernandes foi preso em 19 de novembro de 2024 durante a Operação Contragolpe, deflagrada após a descoberta do plano. No inquérito sobre suposta trama golpista, a PF o classifica como um dos investigados “mais radicais”. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o general propôs de forma incisiva um golpe de Estado.

General admite ter elaborado plano digitalizado para matar Lula, Alckmin e Moraes - Imagem do artigo original

Imagem: Isac Nóbrega via gazetadopovo.com.br

De acordo com a investigação, o militar teria pressionado o então comandante do Exército, general Freire Gomes, entre março e dezembro de 2022, para aderir ao plano e impedir a posse de Lula e Alckmin.

Trajetória

Formado na Academia Militar das Agulhas Negras em 1983, Fernandes é paraquedista, assim como o ex-presidente Bolsonaro. Foi promovido a general de brigada em 2016 e, dois anos depois, assumiu o Comando de Operações Especiais. Passou à reserva em 2020 e tornou-se secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, chegando a chefiar a pasta interinamente.

Entre março de 2023 e março de 2024, atuou como assessor do então ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL-RJ). Deixou o gabinete em 4 de março de 2024, quando, segundo nota divulgada pelo deputado, foi identificado impedimento para exercer cargo público. O general foi expulso do PL semanas depois da Operação Tempus Veritatis.

Com informações de Gazeta do Povo