05/08/2025 – A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avalia retirar instituições financeiras brasileiras do Swift, rede global de comunicação bancária. Especialistas classificam a medida como uma “bomba atômica” capaz de paralisar o comércio exterior, travar investimentos e isolar o país do sistema financeiro internacional.
Escalada de tensões
A possibilidade ganhou força após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que determinou prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro em 4 de agosto. No dia seguinte, o Departamento de Assuntos do Hemisfério Ocidental do governo norte-americano repudiou a ordem e prometeu responsabilizar quem “colaborar ou facilitar condutas sancionadas”.
No mesmo fim de semana, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, disse à rede CBS que a tarifa de 50 % aplicada recentemente sobre produtos brasileiros foi uma ação “menor” diante de sanções mais duras à disposição da Casa Branca, citando explicitamente o bloqueio ao Swift.
O que é o Swift
Fundado em 1973, o sistema Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication conecta hoje 11,5 mil instituições em mais de 200 países. A cada três dias, circula montante equivalente ao PIB mundial anual. A sede fica em La Hulpe, Bélgica, sob legislação da União Europeia, mas o Federal Reserve e outros grandes bancos centrais participam da governança.
Impacto imediato
Segundo o advogado especializado em direito internacional empresarial Marcelo Godke, cortar o Brasil da rede levaria a um choque instantâneo: exportações, importações, viagens e remessas externas seriam interrompidas. O consultor de comércio exterior Francisco Américo Cassano calcula que o sistema financeiro brasileiro movimenta diariamente entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões; sem o Swift, as operações ficariam “imprevisíveis”.
O anúncio de exclusão também provocaria, de acordo com Godke, fuga imediata de capitais estrangeiros.
Precedentes e alternativas
Medida semelhante já atingiu Rússia (2022) e Irã (2012 e 2018). Para contornar o bloqueio, Moscou opera o sistema interno SPFS, enquanto Pequim criou o CIPS em 2015. Em junho, o Banco Master tornou-se a primeira instituição brasileira habilitada a usar o CIPS, visando facilitar transações entre real e renminbi.

Imagem: FREEK VAN DEN BERGH via gazetadopovo.com.br
Pressão política
Além do episódio envolvendo Bolsonaro, Washington cita a “caça às bruxas” no Judiciário brasileiro, críticas à postura do país na guerra da Ucrânia, suposto apoio a grupos no Oriente Médio e esforços de Lula para reduzir a dependência do dólar. Na última sexta-feira (1.º), Moraes foi incluído na lista de sanções da Lei Magnitsky, após ter seu visto para os EUA revogado junto com outros ministros do STF.
A exclusão do Swift depende de decisão conjunta dos bancos centrais que integram a cooperativa, mas a influência dos EUA costuma ser determinante, lembram especialistas.
Até o momento, a Casa Branca não confirmou oficialmente a adoção da medida, mas a possibilidade segue no radar em meio ao aumento das tensões diplomáticas e comerciais.
Com informações de Gazeta do Povo