Governadores de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás anunciaram, nesta quinta-feira (31), programas próprios de crédito e subsídios para amparar empresas exportadoras diante da tarifa extra de 50% que os Estados Unidos passarão a cobrar a partir de quarta-feira (6). As medidas reúnem cerca de R$ 1,5 bilhão em recursos estaduais e buscam preservar competitividade, empregos e receitas fiscais.
São Paulo libera R$ 200 milhões no “Giro Exportador”
Principal estado exportador para o mercado norte-americano, com quase US$ 14 bilhões em vendas em 2024, São Paulo criou o Programa Giro Exportador. A iniciativa disponibiliza R$ 200 milhões em crédito com juros a partir de 0,27% ao mês (mais IPCA), prazo de até 60 meses e carência de 12 meses. O limite por empresa é de R$ 20 milhões.
Minas Gerais oferece crédito e diferimento de impostos
O governo mineiro reservou R$ 200 milhões por meio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e autorizou a postergação de tributos estaduais. A alíquota de ICMS foi zerada para produtos que perderem o mercado externo e forem redirecionados ao consumo interno. O estado, grande produtor de café e aço, movimentou US$ 1,5 bilhão em exportações de café para os EUA em 2024.
Paraná amplia acesso a recursos e incentivos fiscais
No Paraná, Fomento Paraná e BRDE ofertarão mais de R$ 400 milhões em crédito, além da possibilidade de monetizar créditos de ICMS e flexibilizar prazos de investimentos já contratados. O governo também estuda capitalizar o Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE). As exportações paranaenses para os EUA giram em torno de US$ 1,5 bilhão anuais, com destaque para madeira, máquinas e produtos agroindustriais.
Rio Grande do Sul disponibiliza R$ 100 milhões com juros subsidiados
O programa gaúcho, operado pelo BRDE, terá R$ 100 milhões em caixa e taxa final entre 8% e 9% ao ano, acrescida de 4% de IPCA. O prazo é de 60 meses, com 12 meses de carência. Podem solicitar o financiamento empresas de qualquer porte que tenham embarcado mercadorias aos EUA em 2024 ou no primeiro semestre de 2025. Em 2024, o estado exportou quase US$ 2 bilhões para o país norte-americano.
Goiás cria fundo de R$ 628 milhões
Goiás lançou o Fundo Creditório, que prevê R$ 628 milhões para 18 segmentos da economia estadual. Metade do valor virá de créditos de ICMS e a outra metade de investidores que aportarão recursos em leilão na B3, marcado para terça-feira (5). A taxa será de 10% ao ano, pelo menos três pontos abaixo de linhas federais. Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações goianas, lideradas por carnes (61%) e ferro/aço (11%).
Imagem: Paulo Baretta via gazetadopovo.com.br
Setor produtivo pede ações de médio prazo
Para o diretor-técnico do Sebrae-SP, Marco Vinholi, as linhas anunciadas oferecem fôlego para manter salários, fornecedores e buscar novos compradores, mas não substituem negociações diplomáticas ou a abertura de novos mercados. O impacto estimado para a economia paulista varia de R$ 16 bilhões a R$ 18 bilhões. Enio Miranda, da Federação dos Hotéis, Restaurantes e Bares de São Paulo (Fhoresp), defende políticas permanentes e menos burocráticas para pequenos e médios exportadores.
As iniciativas estaduais são vistas por empresários como paliativo imediato diante do tarifaço decretado pelo presidente norte-americano Donald Trump, que eleva em 50% o custo de entrada de diversos produtos brasileiros nos Estados Unidos.
Com informações de Gazeta do Povo
