Brasília, 25/07/2025 – Declarações do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sobre o estado mental do ministro Alexandre de Moraes motivaram uma análise de profissionais de saúde mental, que alertam para a impossibilidade de qualquer diagnóstico sem avaliação presencial.
Questionamentos de autoridades
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Marco Aurélio Mello afirmou que precisaria “colocá-lo em um divã” para entender as motivações de Moraes. Já Flávio Bolsonaro, ao portal Metrópoles, disse que o magistrado “não está nas faculdades mentais normais” e sugeriu “internação compulsória”, acusando-o de “obsessão” pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Análise de um psiquiatra
O psiquiatra Dario Leitão assistiu a vídeos de audiências conduzidas por Moraes, incluindo depoimentos do ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo. Segundo ele, o comportamento do ministro demonstra “baixo índice de amabilidade” na métrica Big Five, indicando pouca cooperação e empatia. Leitão destacou traços de dureza e impetuosidade, além de expressão facial que sugere “baixa tolerância à crítica”.
Apesar disso, o especialista enfatizou não identificar sinais de patologia mental: “Trata-se de uma avaliação clínica, não moral; não há indicativo exterior de transtorno”.
Ponto de vista da psicologia
A psicóloga e psicanalista Marisa Lobo observou em Moraes “forte necessidade de controle, baixa tolerância à oposição e condutas centralizadoras”. Ela relacionou o comportamento ao que denomina “narcisismo institucional” — identificação inflada com o cargo que torna o sujeito intolerante à crítica e resistente à escuta.

Imagem: Antônio Cruz via gazetadopovo.com.br
Marisa explicou que esse padrão pode envolver “traços obsessivos de personalidade” voltados a impor regras e garantir previsibilidade, ainda que ultrapassando limites legais ou éticos. Contudo, reiterou que não se trata de diagnóstico clínico, mas de descrição de funcionamento psicológico.
Limites éticos
Ambos os especialistas salientaram que seria antiético e imprudente emitir diagnóstico sem exame direto do ministro. As observações, sustentam, limitam-se a traços de personalidade perceptíveis em material público.
Com informações de Gazeta do Povo