São Paulo – Juristas, sindicatos e organizações da sociedade civil apresentaram nesta sexta-feira (25) uma carta pública em defesa da soberania nacional durante cerimônia na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). O documento, que reúne mais de 7 mil assinaturas e o apoio de 150 entidades, alega que o Brasil sofre um “ataque vil e indecoroso” atribuído a pressões dos Estados Unidos, ainda que o país norte-americano não seja citado nominalmente.
O ato foi conduzido pelo diretor da faculdade, Celso Campilongo. Em discurso, ele afirmou que a iniciativa responde a um “apelo da sociedade civil brasileira” e destacou: “Em uma nação soberana, quem dá a última palavra somos nós, 100% Brasil”.
Adesões ao manifesto
Entre as organizações que assinam a carta estão:
- Central Única dos Trabalhadores (CUT);
- Força Sindical;
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST);
- Frente Brasil Popular;
- Grupo Prerrogativas;
- Seccionais de Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Campilongo avaliou que o movimento “pode se desdobrar pelo Brasil inteiro” com o envolvimento de outras universidades, sindicatos e associações empresariais.
Críticas à ingerência externa
No texto, os signatários repudiam qualquer forma de “intervenção, intimidação ou admoestação” contra o país e afirmam que a Constituição garante aos acusados o direito à ampla defesa, tornando “intromissões estranhas à ordem jurídica nacional” inaceitáveis. O grupo reforça que o Brasil “jamais abrirá mão de sua soberania”.
Ao comentar o documento, Campilongo defendeu o diálogo diplomático, acusou o governo dos Estados Unidos de usar poder político e econômico para pressionar o Brasil e disse que o multilateralismo também estaria sob ataque.

Imagem: reprodução via gazetadopovo.com.br
Lembrança de 2022
O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, que integrou o governo Fernando Henrique Cardoso, relembrou o manifesto lançado em 2022, às vésperas das eleições presidenciais, em defesa da democracia. Ele criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro, dizendo que o movimento anterior foi necessária reação à “ameaça” representada por ele.
A nova carta encerra-se afirmando que “violência e arbítrio não fazem parte das relações diplomáticas” e convoca a sociedade a defender o “maior patrimônio” nacional: a soberania do Estado Democrático de Direito.
Com informações de Gazeta do Povo