Brasília – A cobrança do Imposto de Importação para compras de até US$ 50, apelidada de “taxa das blusinhas”, fez 38% dos consumidores brasileiros abandonarem pedidos em sites estrangeiros, segundo a mais recente edição da pesquisa Retratos do Brasil, realizada em outubro de 2025 pela agência Nexus a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Reação às novas regras
Entre os entrevistados que desistiram por causa do imposto, 42% declararam ter abandonado a compra de forma definitiva, percentual menor que os 58% registrados em 2024. Por outro lado, 32% optaram por buscar produto semelhante entregue por lojistas nacionais (22% em 2024) e 11% recorreram a outro site internacional (6% no ano anterior).
Perfis mais afetados
A desistência foi mais frequente entre:
- Pessoas com ensino superior: 51%
- Jovens de 16 a 40 anos: 46%
- Consumidores com renda superior a cinco salários mínimos: 45%
- Moradores do Nordeste: 42%
Para o superintendente de Economia da CNI, Marcio Guerra, a cobrança marca “o início de um processo para trazer mais justiça e competitividade à indústria nacional”, embora ainda esteja, segundo ele, “aquém do necessário” para nivelar a concorrência com importados.
influência do ICMS
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) também pesou nas decisões: 36% desistiram de comprar ao se deparar com o tributo. Nessa parcela, a busca por alternativas nacionais passou de 26% para 34%, enquanto as desistências definitivas recuaram de 51% para 41%.
Frete e prazo continuam barreiras
O custo do frete internacional levou 45% dos consumidores a abandonarem compras, alta de cinco pontos percentuais em relação a 2024. Já o prazo de entrega motivou 34% das desistências, índice mais elevado entre quem tem ensino superior (43%) e renda acima de cinco salários mínimos (39%).
Compras sobretudo para uso próprio
A pesquisa indica que 75% dos brasileiros adquirem produtos estrangeiros para uso pessoal. O índice chega a 90% no grupo com mais de 60 anos, 84% entre moradores do Norte e Centro-Oeste, 82% na faixa de renda entre um e dois salários mínimos e 81% entre mulheres e pessoas com ensino fundamental. Apenas 2% declararam comprar para revenda.
Metodologia
O levantamento entrevistou 2.008 pessoas com 16 anos ou mais em todas as 27 unidades da Federação, entre 10 e 15 de outubro de 2025. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com 95% de nível de confiança. O responsável técnico é Neale El-Dash (Conre 8656-A).
Com informações de Gazeta do Povo