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Tarifas sobre aço e alumínio derrubam lucro e vendas da John Deere nos Estados Unidos

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A John Deere, maior fabricante norte-americana de máquinas agrícolas, sente o impacto direto das tarifas de importação impostas pelo presidente Donald Trump. No mês passado, a companhia informou queda de 29% no lucro líquido do último trimestre em comparação com igual período de 2024, pressionada por aumento de custos e menor demanda por equipamentos novos.

Segundo dados divulgados pela empresa, a taxação sobre aço e alumínio já adicionou US$ 300 milhões às despesas neste ano fiscal, valor que pode chegar a US$ 600 milhões até dezembro. A fabricante cortou 238 postos de trabalho em suas unidades de Illinois e Iowa nos últimos meses.

Mercado mais cauteloso

Com a elevação dos preços, agricultores norte-americanos têm priorizado máquinas usadas ou reparos nos equipamentos atuais. O diretor de relações com investidores, Josh Beal, afirmou em teleconferência que os clientes “operam em mercados cada vez mais dinâmicos” devido a tarifas, juros elevados e mudanças no comércio global, fatores que adiam investimentos de capital.

A companhia projeta recuo entre 15% e 20% nas vendas de máquinas de grande porte — principal fonte de receita — em 2025, tendência que deve persistir em 2026.

Cenário das commodities

A renda do produtor permanece pressionada. O preço do milho está 50% abaixo do pico registrado em meados de 2022, enquanto a soja recuou 40% no mesmo intervalo. Após Washington anunciar tarifas sobre produtos chineses em fevereiro, Pequim retaliou impondo barreiras à soja dos EUA. As exportações do grão para a China já caíram 51% neste ano, e não há compras antecipadas para a próxima safra.

Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que os sojicultores norte-americanos devem faturar US$ 3,4 bilhões a menos que no ano passado, situação que reforça a busca por alternativas mais baratas às máquinas zero-quilômetro.

Planos de investimento

Embora não tenha comentado diretamente o momento adverso, a John Deere comunicou, em nota publicada no site oficial, que pretende investir US$ 20 bilhões na produção dentro do país ao longo da próxima década. Fundada em 1837, a empresa mantém mais de 30 mil empregados em 60 fábricas e escritórios espalhados por 16 estados.

Analistas ouvidos pelo The New York Times destacam que, além dos riscos climáticos tradicionais do agronegócio, o “risco da caneta” — mudanças repentinas nas regras comerciais — dificulta o planejamento de longo prazo de produtores e indústrias.

Com informações de Gazeta do Povo