Mesmo com a sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos desde agosto de 2025, as vendas externas de carne bovina do Brasil cresceram. Segundo Caio Penido, presidente do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), o setor “se reorganizou rapidamente” e conseguiu ampliar o volume exportado para outros destinos.
Dados de setembro mostram queda de 62,3% nos embarques ao mercado norte-americano, que passaram de 20,8 mil toneladas em 2024 para 7,8 mil toneladas em 2025. No mesmo período, porém, o total exportado pelo país aumentou 25,1%, saltando de 251,6 mil para 314,7 mil toneladas.
Mato Grosso permanece como maior produtor e exportador de carne bovina do país. O estado abriga 32,9 milhões de cabeças de gado para uma população de 3,6 milhões de habitantes, equivalendo a quase nove bois por morador, e responde por 24,2% das exportações brasileiras do setor.
A redução das compras feitas pelos EUA rebaixou o país da segunda para a sexta posição entre os principais destinos da proteína brasileira em setembro, atrás de China, México, Filipinas, Chile e Rússia. Penido ressalta que o crescimento da demanda chinesa e a abertura de novos mercados em 2025 compensaram a perda de participação norte-americana.
O cenário foi debatido na semana passada em Cuiabá, durante o Congresso Mundial da Carne (World Meat Congress), realizado pela primeira vez no Brasil e que reuniu representantes de mais de 20 nações.
Após encontro bilateral entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump no fim de outubro, o dirigente do Imac acredita em avanços nas negociações comerciais com Washington. “Há pressão interna nos Estados Unidos de beneficiadores e distribuidores que dependem da carne do Brasil”, afirmou.
Com o recente reconhecimento do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação, o setor espera ainda a abertura do mercado japonês, pleiteada há mais de duas décadas. Para Penido, o Japão é visto como um comprador exigente que agrega valor ao produto brasileiro.
Com informações de Gazeta do Povo