Brasília – O Ministério da Fazenda recebeu dois pedidos emergenciais de ajuda financeira que podem consumir boa parte do espaço fiscal da União em 2025. Os Correios solicitaram um aporte de R$ 20 bilhões e a Eletronuclear requereu R$ 1,4 bilhão para evitar insolvência, totalizando R$ 21,4 bilhões em socorro.
Déficit das estatais avança
Dados do Banco Central mostram déficit recorde de R$ 6,35 bilhões nas estatais federais entre janeiro e outubro de 2025. O rombo foi de R$ 2,2 bilhões em 2023 e saltou para R$ 8,1 bilhões em 2024. Segundo o economista-chefe do BDMG, Izak Carlos Silva, o valor agora pedido pelas duas empresas “consome quase todo o limite do déficit primário de até R$ 35 bilhões previsto no Orçamento”.
Em novembro, o Relatório de Riscos Fiscais da União apontou fragilidade financeira em nove das 27 estatais federais. O Tribunal de Contas da União (TCU) anunciou fiscalização para acompanhar a situação.
Correios: rombo e plano de reestruturação
A estatal de entregas registrou prejuízo de R$ 4,4 bilhões no primeiro semestre. O presidente Emmanoel Rondon prevê lucro apenas em 2027. Para obter o empréstimo de R$ 20 bilhões, o Tesouro exige um plano robusto que inclua:
- Programa de Demissões Voluntárias (PDV) para ao menos 10 mil funcionários;
- Venda de imóveis ociosos;
- Renegociação de contratos;
- Fechamento de até mil agências deficitárias.
O ministro Fernando Haddad afirmou que o aval só será concedido se a equipe econômica validar a proposta.
Eletronuclear: caixa no vermelho e dependência da União
Responsável pelas usinas Angra 1 e 2 e pela obra paralisada de Angra 3, a companhia prevê esgotar o caixa ainda em novembro. Há dívidas de curto prazo de R$ 570 milhões com Banco ABC e BTG Pactual que vencem em dezembro de 2025.
A fatia privada de 67,95% da empresa, hoje nas mãos da Eletrobras (Axia Energia), será vendida à Âmbar Energia, do grupo J&F, por R$ 535 milhões. A operação inclui subscrição de R$ 2,4 bilhões em debêntures; sem esses recursos, a Eletronuclear alerta para risco de inadimplência também com BNDES, Caixa e Santander.
Angra 3 segue indefinida
Estudo conjunto do BNDES e da estatal estima em R$ 23,9 bilhões o custo para concluir Angra 3; abandonar a obra custaria de R$ 21,9 bilhões a R$ 25,97 bilhões. O Conselho Nacional de Política Energética deve dar parecer ainda este ano. Caso retomada, a usina começaria a operar em 2033, com tarifa entre R$ 778 e R$ 817 por MWh.
O ministro Haddad disse que o governo “está fechando um posicionamento” a ser levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o futuro do empreendimento.
Com informações de Gazeta do Povo