A Comissão de Fiscalização e Controle do Senado autorizou, nesta quarta-feira (3), a abertura de uma Proposta de Fiscalização e Controle (PFS) para apurar possíveis irregularidades nos Correios, que registraram perda de R$ 2,69 bilhões em 2024, primeiro resultado negativo desde 2016.
A iniciativa foi apresentada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e relatada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A aprovação ocorreu em cerca de 30 segundos, no primeiro item da pauta, sem manifestações contrárias durante a votação.
Escopo da investigação
O colegiado, em conjunto com o Tribunal de Contas da União (TCU), pretende analisar suspeitas de gestão temerária, falhas contábeis, riscos operacionais e possíveis fraudes. “São gravíssimas as denúncias apontadas”, afirmou Flávio Bolsonaro, destacando que a comissão deve coletar documentos, ouvir servidores e realizar visitas às unidades da estatal.
Reação da base governista
Líder do governo na comissão, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) contestou a rapidez da votação. Ele disse ter chegado com dois minutos de atraso e acusou a oposição de “atropelar” o debate. Carvalho informou que apresentará questão de ordem à Mesa Diretora do Senado, alegando que a proposta extrapola a competência da comissão ao incluir empresas privadas no escopo da apuração.
Instrumento pouco utilizado
Desde a criação da Comissão de Fiscalização e Controle, em 2013, apenas 22 PFS foram protocoladas, e a maioria não avançou. Diferentemente de uma CPI, esse mecanismo não permite convocações nem quebras de sigilo; a comissão pode apenas requisitar informações e elaborar relatórios, com apoio técnico do TCU.
Números da estatal
Segundo relatório divulgado em maio, a receita líquida dos Correios somou R$ 18,9 bilhões em 2024, queda de 1,74% em relação a 2023. Os custos subiram 4,7%, atingindo R$ 15,9 bilhões. O lucro bruto ficou próximo de R$ 3 bilhões, recuo de 26% na mesma comparação. A estatal informou ainda que apenas 15% de suas agências são lucrativas.

Imagem: Marcelo Camargo
No início do ano, a empresa estimou perda de R$ 2,2 bilhões provocada pela chamada “taxa das blusinhas”, criada para tributar remessas internacionais — principalmente de mercadorias vindas da China.
A reportagem solicitou posicionamento dos Correios sobre a investigação aprovada e aguarda retorno.
Com informações de Gazeta do Povo