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Sem ajuda federal, Correios podem atrasar 13º salário por falta de caixa

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Brasília – 11/12/2025 – A grave crise de caixa dos Correios ameaça o pagamento do 13º salário de cerca de 90 mil empregados, previsto para 20 de dezembro. A estatal aguarda um aporte emergencial de R$ 6 bilhões da União ou a liberação de um empréstimo de R$ 20 bilhões junto a um consórcio de bancos para honrar a folha e demais compromissos.

Segundo a direção da Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP), o prejuízo acumulado da empresa alcançou R$ 6,1 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, nível recorde que esgotou o caixa. “Sem o recurso, não há garantia do 13º nem de outros pagamentos”, afirmou o presidente da entidade, Roberval Borges Corrêa, cobrando responsabilidade do governo federal, único acionista da estatal.

Governo tenta duas frentes

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que trabalha simultaneamente em um aporte direto e na conclusão do financiamento bancário. O crédito seria lastreado por garantia soberana, mas negociações com Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil e Safra emperraram diante da taxa pedida, em torno de 136% do CDI – perto de 20% ao ano.

Haddad descartou recorrer a crédito extraordinário fora do arcabouço fiscal. Para liberar dinheiro dentro das regras atuais seria necessário publicar um novo Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, processo que levaria pelo menos dez dias, prazo já considerado impossível antes do recesso legislativo.

Plano de reestruturação é exigência

Um decreto recente autorizou a União a garantir a operação, mas condicionou o aval a um plano detalhado de ajuste. A primeira etapa, anunciada em outubro, prevê fechamento de agências e um Programa de Demissão Voluntária (PDV). Especialistas classificaram as medidas como insuficientes para tornar os Correios competitivos num mercado em rápida transformação.

A universalização do serviço postal custa aproximadamente R$ 5 bilhões ao ano, valor que a empresa já não consegue bancar. Corrêa lembra que 80% da rede de agências opera no vermelho, mas permanece aberta por obrigação de atendimento ao público.

Direção aposta em recuperação

O presidente dos Correios, Emmanoel Schmidt Rondon, sustenta que a atual gestão prioriza resultados e tenta reverter os danos atribuídos à administração anterior, de Fabiano Silva dos Santos. Em nota, a estatal informou que os detalhes do plano de reestruturação e da operação de crédito serão divulgados “em data a ser definida” e que as negociações continuam.

Sem a definição do aporte ou do financiamento, trabalhadores e fornecedores aguardam, apreensivos, a solução que garantirá o pagamento do 13º salário dentro do prazo legal.

Com informações de Gazeta do Povo