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Terceiro mandato de Lula deve registrar maior déficit nominal desde o Plano Real

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O Brasil caminha para encerrar o período 2023-2026 com déficit nominal médio de 8,6% do Produto Interno Bruto (PIB), o maior patamar desde a criação do Plano Real, em 1994. A estimativa é do economista Fabio Giambiagi, que analisou a evolução das contas públicas durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Déficit nominal avança quase 90% em quatro anos

Segundo Giambiagi, Lula assumiu o governo em 2023 com um déficit nominal equivalente a 4,6% do PIB, deixado pela gestão anterior. Caso o cenário projetado para 2026 se confirme, o rombo terá saltado aproximadamente 90% em relação a 2022.

O déficit nominal inclui não apenas a diferença entre receitas e despesas primárias, mas também os juros da dívida pública. Com a Selic em nível elevado, o pagamento desses encargos pressiona ainda mais o resultado final.

Comparativo histórico dos mandatos

Giambiagi comparou os governos desde Fernando Henrique Cardoso, ajustando períodos para permitir análise uniforme. Veja as médias de déficit nominal por mandato:

  • 1995-1998 (FHC): 6% do PIB
  • 1999-2002 (FHC): 4% do PIB
  • 2003-2006 (Lula): 3,8% do PIB
  • 2007-2010 (Lula): 2,6% do PIB
  • 2011-2016 (Dilma): 5,5% do PIB
  • 2017-2018 (Temer): 7,4% do PIB
  • 2019-2022 (Bolsonaro): 7% do PIB
  • 2023-2026 (Lula): 8,6% do PIB (estimativa)

Efeitos na economia

Para o advogado tributarista Luís Garcia, o déficit elevado acelera o crescimento da dívida pública e aumenta o risco fiscal. Em resposta, investidores exigem retornos maiores, o que tende a manter os juros altos por mais tempo. Taxas elevadas encarecem crédito para famílias e empresas, desestimulam investimentos e reduzem espaço para gastos públicos essenciais.

Já o pesquisador Nelson Rocha, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), avalia que o déficit nominal não deve ser o único indicador para medir a saúde da economia, pois incorpora o custo dos juros. Ele ressalta que, apesar do desequilíbrio, o país vem exibindo crescimento econômico e queda no desemprego.

Dívida brasileira é a segunda maior entre emergentes

Relatório de dezembro do Instituto de Finanças Internacionais (IIF) mostra que a dívida pública brasileira alcança 87,6% do PIB, a segunda mais alta entre economias emergentes, atrás apenas da China (88,6%). Índia (82%), África do Sul (72,5%), México (50%) e Rússia (19,5%) aparecem na sequência.

Pressão para 2027

Se o quadro não se alterar, o próximo presidente, que tomará posse em 2027, herdará uma dívida volumosa, com encargos elevados e margem fiscal restrita. Para Luís Garcia, somente um ajuste que inclua contenção de despesas e reformas estruturais pode evitar o agravamento do desequilíbrio.

Com informações de Gazeta do Povo