Brasília – 18/11/2025: O Banco Central (BC) decretou nesta terça-feira a liquidação extrajudicial de quatro empresas do conglomerado Banco Master após detectar indícios de emissão fraudulenta de títulos. A operação deverá exigir entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o equivalente a cerca de um terço dos aproximadamente R$ 120 bilhões disponíveis no fundo que protege depositantes e investidores do sistema financeiro.
Instituições alcançadas
Entraram em liquidação o Banco Master S/A, o Banco Master de Investimento S/A, o Banco Letsbank S/A e a Master S/A Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários. Já o Banco Master Múltiplo S/A foi colocado em Regime Especial de Administração Temporária (RAET) para preservar o funcionamento da controlada Will Financeira, que atrai interessados em compra.
O BC nomeou a EFB Regimes Especiais de Empresas como liquidante e tornou indisponíveis os bens de duas empresas, três controladores e oito ex-administradores do grupo.
Alcance no sistema financeiro
Segundo o BC, o conglomerado detém 0,57 % dos ativos e 0,55 % das captações do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Apesar do porte limitado, especialistas alertam para eventual perda de confiança em bancos médios.
Garantia aos clientes
O FGC cobre até R$ 250 mil por CPF, por instituição, em produtos como CDB, LCI, LCA, poupança, letras de câmbio, depósitos à vista e contas-salário. Quem tiver valores acima desse teto entra em fila de restituição que depende da recuperação de ativos do banco.
Após a liquidação ser concluída – prazo estimado em 120 dias – o FGC divulgará a lista de clientes elegíveis. O pagamento costuma ocorrer entre 20 e 60 dias úteis depois dessa publicação.
Cronologia da crise
• Março/2025 – BRB anuncia intenção de comprar parte dos ativos.
• Maio/2025 – Master utiliza R$ 4 bilhões em linhas do FGC.
• 17/11/2025 – Grupo Fictor revela acordo de aquisição do Master.
• 18/11/2025 – BC decreta liquidação e Fictor desiste do negócio.
Possível efeito contágio
Professores de economia e administração ouvidos por universidades como PUC-SP, ESPM e Mackenzie avaliam que o risco sistêmico é baixo, mas não descartam corrida a bancos médios. Também apontam exposição de fundos de previdência estaduais e municipais, que aplicaram cerca de R$ 1,7 bilhão em letras financeiras do Master sem cobertura do FGC.
Com informações de Gazeta do Povo