Belo Horizonte – A 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte absolveu, por falta de provas, os dez réus do processo que apurava responsabilidade criminal pela contaminação de cervejas da marca Backer, episódio que resultou em 10 mortes e deixou 16 consumidores com graves sequelas.
Na sentença proferida em 4 de novembro de 2025, o juiz Alexandre Oliveira reconheceu que a contaminação e os danos às vítimas estão comprovados, mas concluiu que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) não demonstrou quem teria agido ou se omitido de forma dolosa ou culposa.
Responsabilidade civil mantida
O magistrado ressaltou que a absolvição na esfera penal não exime a Cervejaria Três Lobos, detentora da marca Backer, de indenizar vítimas e familiares em ações cíveis.
Como ficaram os réus
Entre os sócios-proprietários, dois foram inocentados por não exercerem poder de gestão e uma terceira sócia foi liberada porque atuava exclusivamente na área de marketing, sem ligação com produção ou compra de insumos.
No núcleo técnico, seis engenheiros e técnicos acusados de homicídio culposo e lesão corporal foram absolvidos. O juiz entendeu que eles ocupavam funções subordinadas e que a responsabilidade direta pelo sistema de refrigeração cabia ao responsável técnico – já falecido – e ao gerente de operação industrial, que não chegou a ser denunciado.
Três desses profissionais também respondiam por exercício ilegal da profissão, mas o tribunal concluiu que as atividades desempenhadas não exigiam registro em conselho de classe.
O décimo réu, apontado por falso testemunho ao relatar troca de rótulos na fornecedora de insumos, foi absolvido com base no princípio da dúvida razoável.
Causa da contaminação
De acordo com a decisão, a cerveja foi contaminada após vazamento de dietilenoglicol – substância tóxica usada no sistema de resfriamento – provocado por um furo no tanque de refrigeração.
Com a sentença, o processo criminal é encerrado, mas seguem em curso ações cíveis movidas por vítimas e familiares.
Com informações de Gazeta do Povo
