Brasília – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o esquema de adulteração de combustíveis, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro atribuído ao Primeiro Comando da Capital (PCC) pode ter movimentado valores muito superiores aos R$ 52 bilhões já identificados pela Polícia Federal e pela Receita Federal entre 2020 e 2024.
Em entrevista à BandNews no domingo (31), o titular da Fazenda declarou que o montante pode chegar “a centenas de bilhões de reais”. “Para alcançar R$ 100, 200, 300 bilhões não precisa de muita coisa”, disse o ministro.
A estimativa veio após três operações deflagradas na semana passada contra a facção. As investigações apontam uma cadeia que começa na importação de produtos químicos usados para adulterar combustíveis e vai até a venda ao consumidor, passando por uma rede de postos, frota de caminhões-tanque, um terminal portuário privado e investimentos avaliados em R$ 30 bilhões em corretoras instaladas na Avenida Faria Lima, em São Paulo.
Segundo a Receita, o grupo teria sonegado pelo menos R$ 8 bilhões em tributos. O dinheiro circulava por meio de depósitos fracionados, prática que, na avaliação de Haddad, se beneficiou da demora do governo em impor regras de fiscalização mais rígidas às fintechs — empresas de tecnologia de pagamentos que, até então, não estavam sujeitas às mesmas exigências impostas aos bancos tradicionais.
Na última sexta-feira (29), após o avanço das investigações, o Ministério da Fazenda reativou a portaria que obriga as fintechs a reportar movimentações suspeitas. “Agora elas terão de fornecer dados referentes ao primeiro semestre, que foram processados manualmente”, afirmou o ministro.

Imagem: André Borges
Haddad também disse não acreditar que a polêmica envolvendo o PIX no início do ano tenha sido articulada em favor do crime organizado. À época, uma portaria da Receita gerou rumores sobre possível taxação do serviço, que o ministro classificou como “fake news”.
Ele explicou que, além da norma que trata do PIX, havia outra determinação para que fintechs encaminhassem informações detalhadas sobre transações suspeitas, algo que não ocorreu. “Quando o Banco Central fez um cronograma muito dilatado para trazer as fintechs para dentro do perímetro regulatório, abriu-se uma brecha. A Receita vem em boa hora fechar isso do ponto de vista da fiscalização tributária”, concluiu.
Com informações de Gazeta do Povo