São Paulo – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (4) que as avaliações que apontam para uma crise fiscal no país são um “delírio”. Durante a abertura do Bloomberg Green Summit, na capital paulista, ele garantiu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminará o mandato com o melhor resultado fiscal desde 2015.
“Eu fico lendo jornais e comentaristas, que não sei se são pagos para isso, e a impressão que dá é que estamos vivendo uma crise fiscal. É um delírio que eu precisava entender do ponto de vista psicológico, porque do ponto de vista [fiscal] eu não consigo entender”, declarou o ministro.
A promessa de Haddad contrasta com projeções atuais. Mesmo após a criação e o aumento de impostos, estimativas apontam que o governo fechará 2025 com déficit primário. Além disso, despesas fora do teto fiscal podem somar cerca de R$ 400 bilhões ao longo do terceiro mandato de Lula.
Decisão sobre a Selic
Nesta quarta-feira (5), o Comitê de Política Monetária (Copom) define a taxa básica de juros. O índice está em 15% ao ano, o maior patamar em duas décadas. Haddad considera o nível excessivo e defende redução, citando a trajetória da inflação.
Apesar da pressão, analistas preveem manutenção dos 15%. Caso se confirme, Lula pode encerrar o mandato com inflação acumulada de 19,11%, a menor desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Entretanto, o índice em 12 meses, de 4,59%, segue acima da meta de 4,5%. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, prefere aguardar evidências adicionais de estabilidade antes de cortar juros.
Corte de gastos em discussão
Em artigo recente, o professor de Economia da USP Paulo Feldmann sugeriu um pacto entre Executivo, Legislativo e Judiciário para reduzir despesas. Em outubro de 2025, o Congresso autorizou a criação de 530 novos cargos no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Haddad não comentou diretamente a proposta, mas reiterou no evento que pretende entregar um cenário fiscal mais favorável até 2026, mesmo diante do aumento de gastos autorizados pelo Parlamento.
Com informações de Gazeta do Povo