Rio de Janeiro – Trabalhadores da Petrobras iniciaram nesta segunda-feira (15) uma greve por tempo indeterminado após rejeitarem a proposta da empresa para o novo Acordo Coletivo de Trabalho. O movimento foi aprovado na sexta-feira (12) e é coordenado por 14 sindicatos ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Reajuste contestado
A estatal ofereceu reajuste de 5,66%, sendo apenas 0,5 ponto percentual de ganho real acima da inflação. Os petroleiros reivindicam aumento de 9,8% para recompor perdas salariais acumuladas. A categoria também critica o pagamento de R$ 37,3 bilhões em dividendos nos nove primeiros meses de 2025, valor considerado incompatível com o índice de correção salarial proposto.
Alcance da paralisação
Segundo a FUP, cerca de 25 mil empregados participam da greve, alcançando 61% das unidades da companhia. Outros 50 mil trabalhadores terceirizados responsáveis por 80% da produção nacional de petróleo aderiram à mobilização.
O balanço mais recente aponta paralisação total nas plataformas do Espírito Santo e do norte fluminense, além do Terminal Aquaviário de Coari (AM). Seis refinarias em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná também registraram falta de troca de turno nesta manhã.
Em Duque de Caxias (RJ), o sindicato local informou que a Petrobras solicitou apoio da Polícia Militar, resultando na detenção de diretores do Sindipetro Caxias.
Operação mínima mantida
A companhia mantém equipes de contingência para garantir segurança e produção essencial. De acordo com os sindicatos, a ausência de trocas de turno e de times de redundância reduz a flexibilidade operacional e pode gerar desgaste das instalações nos próximos dias.
Pendências no acordo
As negociações se arrastam há mais de três meses. Entre os pontos criticados estão:
- não retomada de direitos retirados em gestões anteriores;
- manutenção de planos de equacionamento do déficit da Petros;
- distribuição considerada desigual dos resultados;
- tentativa da Petrobras de alterar cláusulas que tramitam na Justiça.
Aposentados em vigília
A situação de aposentados e pensionistas também impulsiona o protesto. Um grupo permanece, há cinco dias, acampado em frente ao edifício-sede (Edisen), no Rio de Janeiro, contra descontos aplicados no fundo de pensão. A vigília deverá continuar até apresentação de nova proposta pela empresa.
A Petrobras ainda não se pronunciou oficialmente sobre a greve.
Esta é a terceira mobilização do ano: paralisações de 24 horas já haviam ocorrido em fevereiro e março. Em 2020, a categoria ficou 20 dias em greve contra demissões e o fechamento da Araucária Nitrogenados, no Paraná.
Com informações de Gazeta do Povo