O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao Ministério da Fazenda a elaboração de um plano para zerar a tarifa do transporte coletivo em todo o país. A medida se soma a duas propostas já anunciadas pelo governo: gratuidade da energia elétrica para famílias de baixa renda, por meio da Tarifa Social, e fornecimento de botijão de gás sem custo pelo programa “Gás do Povo”.
Custo bilionário das novas isenções
Segundo estimativas oficiais citadas pelo Planalto, a isenção na conta de luz para beneficiários da Tarifa Social demandará R$ 3,6 bilhões por ano, valor que será repassado aos demais consumidores. Já o “Gás do Povo” consumirá R$ 5,1 bilhões anuais do Orçamento da União.
O valor do passe livre ainda está em estudo. Caso a tarifa zero seja aplicada em todo o território nacional durante todos os dias da semana, a despesa poderá superar R$ 50 bilhões anuais. Uma versão restrita a fins de semana e feriados custaria mais de R$ 4 bilhões.
Espaço fiscal limitado
Apesar do programa de benesses, o governo opera sob forte pressão orçamentária. Para bancar os novos subsídios, a alternativa mais provável é recorrer ao mercado, elevando o endividamento público. O Brasil já se vale desse expediente para fechar as contas e cumprir metas fiscais, frequentemente apoiado em manobras contábeis.
Mesmo assim, a estratégia vem rendendo ganhos de popularidade. Levantamento Genial/Quaest mostra que a aprovação de Lula entre beneficiários do Bolsa Família aumentou de 50% para 64% entre julho e setembro de 2025.
Correios em situação crítica
Outra fonte de gasto iminente é a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, retirada da lista de privatizações pelo atual governo. A estatal adiou pagamentos a fornecedores, corre o risco de atrasar salários e, mesmo que liquidasse todos os bens e o caixa disponível, ainda teria um déficit de aproximadamente R$ 9 bilhões.
A direção da empresa atribui o quadro ao processo de desestatização iniciado na gestão anterior, mas admite a necessidade de um aporte emergencial do Tesouro Nacional. O socorro, porém, não resolve a perda de mercado para concorrentes privados: somente o Mercado Livre investiu R$ 23 bilhões em logística em 2024 e prevê mais R$ 34 bilhões para 2025.
Com o pacote de gratuidades e a possível injeção de recursos nos Correios, o governo tende a ampliar a dívida pública em meio a um cenário de crédito caro e espaço fiscal cada vez mais estreito.
Com informações de Gazeta do Povo