As famílias brasileiras destinam 27,8% da renda mensal ao pagamento de dívidas, incluindo amortizações e juros, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) em 24 de agosto de 2025. Desse total, 9,86% correspondem apenas aos juros.
Endividamento acima da média internacional
O percentual registrado no Brasil é quase três vezes maior que a média observada em 17 países desenvolvidos, calculada em levantamento do Banco de Compensações Internacionais (BIS). Nos Estados Unidos, cerca de 8% da renda familiar é consumida por dívidas; no Japão, o índice fica em 7,8%.
Juros altos pesam mais no orçamento
Dos 27,8% comprometidos, somente 2,13 pontos percentuais referem-se a empréstimos com juros mais baixos, como financiamentos imobiliários. Os 25,67 pontos restantes estão ligados a linhas de crédito mais caras, como cartão de crédito e consignado.
O BC também indica que o peso dos juros no orçamento doméstico atingiu um pico em 2023, recuou em 2024 e voltou a subir neste ano, acompanhando a expansão da oferta de crédito.
Consignado privado cresce com juros superiores
Com a taxa básica de juros acima de 14% ao ano, o governo lançou o programa de crédito consignado privado para trabalhadores formais (CLT). Desde 21 de março, a iniciativa — batizada de Crédito do Trabalhador — já liberou quase R$ 21 bilhões em empréstimos para mais de 4 milhões de pessoas, conforme balanço do Ministério do Trabalho divulgado em 25 de julho.
Imagem: Daniel Dan Unsplash
A taxa média desse consignado foi de 3,79% ao mês até julho, patamar superior aos juros cobrados de aposentados (1,83% ao mês) e servidores públicos (1,84% ao mês) no mesmo período.
Os números reforçam o impacto dos juros elevados sobre o orçamento das famílias brasileiras, que continuam destinando parte significativa da renda ao serviço da dívida.
Com informações de Gazeta do Povo
