O Brasil registrou em 2025 o maior número de inadimplentes da série histórica. Levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que 71,86 milhões de consumidores estão com contas atrasadas, o equivalente a 43,1% da população adulta. Em 2015, eram 57 milhões (38,8%), o que representa alta de 26,1% em dez anos.
Evolução recente
Somente em setembro deste ano, o total de devedores subiu 8,9% na comparação anual. As dívidas com atraso entre três e quatro anos lideraram o avanço, respondendo por 20,4% das pendências, seguidas pelos débitos de um a três anos, com 36%.
Valores e perfil das dívidas
O valor médio devido por consumidor inadimplente é de R$ 4.801,45, distribuído entre 2,22 credores, em média. Três em cada dez negativados têm débitos de até R$ 500, e 43,6% concentram pendências de até R$ 1.000, indicando forte peso de valores baixos no quadro geral.
Faixa etária e gênero
Pessoas de 30 a 39 anos representam a maior fatia dos inadimplentes (23,5%), seguidas por aquelas entre 40 e 49 anos (21,1%) e entre 50 e 64 anos (20,1%). Jovens de 18 a 24 anos somam 8% do total, o que corresponde a 5,7 milhões de brasileiros. A distribuição por gênero segue equilibrada: 51,18% mulheres e 48,8% homens.
Diferenças regionais
Embora tenha o menor número absoluto de devedores, o Centro-Oeste registra a maior taxa de inadimplência do país, com 46,6% da população adulta negativada. No Norte, o índice é de 46%. Sudeste e Nordeste apresentam percentuais próximos à média nacional, em torno de 43%.
Motivos estruturais
Para o presidente da CNDL, José César da Costa, o país vive um problema estrutural de crédito caro, marcado por alto volume de devedores, predominância de dívidas pequenas, reincidência elevada e recuperação lenta. Ele defende ações conjuntas entre governo e setor privado para reduzir o custo dos empréstimos.
Roque Pelizzaro Junior, presidente do SPC Brasil, associa o aumento da inadimplência ao crescimento das compras em redes sociais, que estimulam decisões impulsivas. Ele sugere diminuir a exposição digital, apagar aplicativos de compras e sair de grupos promocionais como estratégia de controle de gastos.
Com informações de Gazeta do Povo