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Déficit das estatais soma R$ 6,35 bilhões até outubro e encosta em recorde histórico

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O resultado primário das empresas estatais federais, sem considerar Petrobras, Eletrobras e bancos públicos, acumulou déficit de R$ 6,35 bilhões de janeiro a outubro de 2025, mostram dados divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Banco Central. O valor se aproxima do recorde de R$ 6,7 bilhões registrado em todo o ano passado.

Correios respondem pela maior parte do rombo

A deterioração financeira dos Correios continua sendo o principal fator de pressão. A estatal de logística registra prejuízo superior a R$ 4 bilhões somente no primeiro semestre e pode chegar a R$ 10 bilhões até dezembro, após ter fechado 2024 com resultado negativo de R$ 2,6 bilhões.

Para tentar reverter o quadro, a nova diretoria aprovou um plano baseado em três eixos — recuperação financeira, consolidação do modelo de negócios e crescimento estratégico — que prevê a captação de R$ 20 bilhões por meio de um consórcio bancário, a fim de garantir liquidez e manter os serviços essenciais.

Eletronuclear pede reforço de caixa

Outra empresa em situação delicada é a Eletronuclear, que solicitou ao Tesouro um aporte de R$ 1,4 bilhão para sustentar as usinas Angra 1 e Angra 2 e manter a estrutura inativa de Angra 3. O custo anual de manutenção do complexo nuclear é estimado em R$ 1 bilhão. Estudos do BNDES indicam que abandonar o projeto de Angra 3 custaria entre R$ 22 bilhões e R$ 26 bilhões, enquanto a conclusão demandaria aproximadamente R$ 24 bilhões.

Investimentos pesam no resultado primário

Em nota, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos ressaltou que o déficit primário não representa, necessariamente, prejuízo operacional. Das 20 estatais que compõem a estatística fiscal do Banco Central, 15 operam com lucro em 2025, segundo a pasta.

Até setembro, essas 20 empresas investiram R$ 3,2 bilhões e desembolsaram R$ 1,74 bilhão em dividendos e participação nos lucros. Como esses pagamentos são registrados como despesa no cálculo primário, podem provocar déficit quando financiados com recursos de caixa ou ganhos obtidos em exercícios anteriores.

Desempenho global continua positivo

Ao incluir Petrobras e bancos públicos, o governo afirma que o quadro geral é favorável. Das 44 estatais existentes, 39 registraram faturamento conjunto de R$ 655,3 bilhões no primeiro semestre e lucro total de R$ 92,4 bilhões, crescimento de 54,4% sobre igual período de 2024.

O levantamento do Banco Central existe desde 2002 e engloba, além dos Correios e da Eletronuclear, empresas como Casa da Moeda, Infraero, Serpro, Dataprev, Emgepron, Hemobrás e Emgea.

Com informações de Gazeta do Povo