O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou na quarta-feira (27) o decreto que regulamenta a TV 3.0, também chamada de DTV+. A nova geração de transmissão aberta tem estreia prevista para o primeiro semestre de 2026 nas principais capitais, prazo escolhido para que o sistema esteja operando durante a Copa do Mundo.
Imagem 4K, som imersivo e tela interativa
A TV 3.0 é apontada como a evolução da TV digital implantada em 2007. O padrão adotado, ATSC 3.0, possibilita:
- resolução em 4K, com possibilidade futura de 8K;
- som imersivo de nível cinematográfico;
- ampliação das cores exibidas de 16 milhões para 1 bilhão;
- integração nativa com a internet, sem necessidade de conexão para manter a qualidade de áudio e vídeo.
Os canais passam a funcionar como apps interativos, permitindo compras na tela, publicidade personalizada, votações em tempo real e escolha de ângulos de câmera em partidas esportivas ou reality shows.
Mais recursos de acessibilidade
O novo padrão oferece legendas ajustáveis, audiodescrição e um gerador automático de Libras, incluindo exibição de intérprete ao vivo. O usuário também poderá reorganizar os canais em formato de aplicativos, aproximando a experiência da navegação em plataformas de streaming.
Conversor ou TV nova serão necessários
Dos cerca de 90 milhões de televisores em uso no país, 60% são Smart TVs incompatíveis com o novo sistema. Para receber o sinal 3.0, o consumidor precisará de um conversor — estimado entre R$ 300 e R$ 350 — ou de um aparelho já preparado de fábrica. O governo estuda mecanismos de subsídio para famílias de baixa renda.
Serviços públicos direto na tela
O decreto cria ainda a Plataforma Comum de Comunicação Pública e Governo Digital, que integrará conteúdos oficiais e serviços do governo federal à TV 3.0, permitindo acesso, por exemplo, ao portal gov.br.
Transição de 15 anos e gratuidade mantida
Segundo o ministro das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, a televisão aberta continuará gratuita. O processo de migração deve durar até 15 anos, período em que o sinal atual coexistirá com o novo. Na primeira etapa, já foram investidos R$ 7,5 milhões.
Imagem: José Cruz
Mercado publicitário aposta em retorno
Executivos de emissoras veem na TV 3.0 a chance de recuperar verbas que migraram para redes sociais. Para Marcelo Bechara, diretor de Relações Institucionais da Globo, a maior granularidade de dados de audiência tornará os anúncios mais precisos, atraindo tanto grandes quanto pequenos anunciantes.
Indústria e custos da migração
Fabricantes estrangeiras, como a chinesa Hisense, já demonstraram interesse em produzir conversores para o mercado brasileiro a partir de 2026. O setor de transmissão calcula um investimento total de R$ 11 bilhões para completar a mudança ao longo das próximas décadas. Presente à cerimônia, o presidente da Abert, Flávio Lara Resende, defendeu linhas de financiamento, inclusive via BNDES, para emissoras e para facilitar o acesso dos consumidores de menor renda aos novos receptores.
Com a assinatura do decreto, a televisão aberta inicia uma nova etapa tecnológica, mantendo a gratuidade do sinal e incorporando recursos que aproximam a experiência da navegação em smartphones.
Com informações de Gazeta do Povo